segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Estão rodando o Guido 2.0 para Levy

Por Elio Gaspari
Publicado em O GLOBO em 07DEZ2014

Estão rodando o Guido 2.0 para Levy 
Não se sabe o que a doutora Dilma prometeu a Joaquim Levy. Sabe-se, contudo, o que ele prometeu à patuleia: Um superavit de 1,2% do PIB nas contas públicas de 2015. Para cumprir essa meta, o enxugamento deverá ficar em algo como R$ 100 bilhões. Se o negócio fosse viver no mundo das promessas, o novo ministro da Fazenda teria surgido com uma plataforma mais gastadora que a de seu antecessor. Afinal de contas, o comissário Mantega prometia um aperto ainda maior, com um superavit de, no mínimo, 2% do PIB. Como suas projeções eram produto da ficção petista, Levy poderá ser um ministro racional e severo. A ver, mas R$ 100 bilhões não nascem em árvores.

Arte de Pelicano


Levy ainda não assumiu e o Planalto mandou ao Congresso uma medida provisória que joga no BNDES mais R$ 30 bilhões do Tesouro. Isso sem se mencionar que a doutora Dilma sancionou um refresco para estados e municípios endividados que custará à Viúva R$ 59 bilhões em 25 anos e R$ 1 bilhão já em 2015.

Até agora, a entrada de Levy para o governo serviu apenas para criar a esdrúxula situação de que há dois ministros da Fazenda, um em fase de transição e outro em extinção. Para assustar os crédulos, saiu da caixa de mágicas de Mantega uma proposta de equilíbrio das contas externas taxando-se bens supérfluos, como os cosméticos. Não se trata apenas de um truque inútil. Ele é sobretudo velho, como se o problema das importações estivesse no batom das senhoras.

Arte de Marcio Fiuza (?)


A doutora Dilma gostava de dizer que o tucanato quebrou o país três vezes, e que Aécio Neves tiraria a comida dos pobres para alegria dos banqueiros. Até agora, promoveu uma das maiores contrações de expectativa de crescimento do PIB da história econômica do país caindo de 3% em agosto para 0,8% na semana passada. Chamou para o governo um quadro que começou sua fama pública no governo Fernando Henrique Cardoso e a fama privada num grande banco. Caso a doutora queira rodar o software Guido 2.0 na máquina de Levy, queimará os circuitos da economia.