terça-feira, 27 de maio de 2014

E este é país da Copa dos bilhões...

 Fantástico percorre hospitais do Brasil
e encontra UTI sem médicos

O Fantástico deste domingo mostrou o resultado de um estudo inédito para entender o que há de errado na saúde brasileira. Pela primeira vez, o Tribunal de Contas da União examinou a qualidade do atendimento em 116 hospitais públicos, os mais procurados pela população em todo o país.
O resultado é assustador.
Arte de Guto Cassiano

É assim que a saúde pública tem tratado seus pacientes.

Eu estou com dor, desde cedo.
Estou aqui desde 9h30 da manhã e até agora nada”,
 disse uma paciente.

Faltam enfermeiros e médicos.

“Como é que não tem pediatra num hospital desses,
 para atender uma criança no hospital, desmaiando?”,
 questiona outra paciente.

Não tem médico na UTI.
 São vários plantões em que não há medico na UTI”.

Faltam equipamentos para exames.
 E faltam remédios.
Ivan Cabral


Fantástico: E quando não tem o antibiótico, como faz?
Médico: Você conhece o "seguro senhor do Bonfim"?

A gente amarra uma fita do lado e vai.

Os repórteres do Fantástico foram aos hospitais para conferir o resultado de um relatório recente do Tribunal de Contas da União sobre a saúde brasileira e confirmaram:
falta quase tudo na rede pública
e sobra desorganização.


(...) Esta é uma situação comum em Cuiabá
e em vários outros pontos do Brasil.
Muitos pacientes só conseguem
tratamentos por força de liminares...

Rico


Para ver a reportagem completa, clique 


“Minha tia tem deficiência,
nem ela que tem prioridade não está sendo atendida”,
conta uma estudante.

De acordo com o estudo do TCU, na maioria dos hospitais,
as emergências estão sempre superlotadas, sempre.


Uma médica, de folga, 

veio acompanhar um tio doente,
 quando viu a situação, decidiu trabalhar.


Médica: Está faltando médico. 
E familiar me ajudando a fazer o procedimento.
Familiar me ajudando como um técnico auxiliar de enfermagem
 porque não tinha ninguém para me ajudar.
Fantástico: Como senhora se sente?
Médica: Desesperada pelos pacientes, porque eles são os que mais sofrem.



A falta de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem é um problema crônico. Em 81% dos hospitais visitados pelo TCU, os administradores reconheceram que há menos profissionais do que seria necessário para atender a todos os pacientes que procuram atendimento.


UTI sem médicos
A UTI do maior hospital de Cuiabá chega a funcionar sem médicos.
Vamos repetir:
uma unidade de tratamento intensivo funciona sem médicos.


São vários plantões em que não há medico na UTI.
 É como estar num avião sem piloto”, disse.


Amarildo


O pediatra apresentou um atestado médico para não trabalhar
 e não havia substituto para cuidar da criança.

“Eu chorei mesmo, 
me ajoelhei nos pés dele chorando,
 pedindo ajuda. 
‘Ajuda uma mãe que está angustiada,
porque meu filho está morrendo ali fora
e vocês não querem me ajudar’”,
desabafa a mãe de Ismael.




Segundo o Tribunal de Contas da União,
na maioria dos estados,
 há menos leitos do que seria necessário.
E para piorar,
 entre janeiro de 2011 e agosto do ano passado,
a rede pública de saúde perdeu 11.576 leitos,
são doze leitos fechados por dia,
 ou um a cada duas horas! 


Médico: Aqui tinha como ser mais dois leitos, aí serve de depósito.
Fantástico: Por que, cara? Por que isso?
Médico: Porque não tem funcionário. 

Não tem funcionário, não tem cabo, não tem monitor, 
só tem o espaço físico mas não tem o leito em si de UTI. 
Não tem técnico de enfermagem suficiente para tomar conta.
 Aqui seria outro também. 
Outro leito. Outro espaço.
Fantástico: E não funciona?
Médico: Não.



Quando o hospital não tem condições 
de operar todos que precisam,
 os pacientes se acumulam nas salas e nos corredores, 
à espera de uma vaga.
Homens e mulheres dividem o mesmo espaço.


Fantástico: Quanto tempo tem que o senhor está aqui?
Paciente: Está com 11 dias.
Fantástico: Onze dias? No corredor?
Paciente: No corredor.



Ivan Cabral

Falta equipamentos no maior hospital de Salvador
Fantástico: E qual exame ele tá precisando?
Homem: Ressonância magnética
Fantástico: Ele tem o quê?
Mulher: Hemorragia cerebral.


Em 85% dos hospitais visitados pelo TCU,
os administradores disseram que a estrutura física das unidades não era adequada.
 E em 77% dos hospitais falta algum tipo de equipamento.
 Em 23%, eles não foram instalados e muitas vezes ficam encaixotados no corredor, como no hospital Clériston Andrade, em Feira de Santana, na Bahia.

A secretaria estadual de saúde da Bahia diz que começou o processo de licitação da sala, mas ainda não tem previsão de quando o aparelho novo vai começar a funcionar.


Sinfrônio


“Nós temos dois pacientes internados com endocardite grave
 e não temos nenhum antibiótico
de escolha pra tratar esse tipo de infecção”.


O Conselho Federal de Medicina diz que para salvar os pacientes,
 o principal é melhorar muito a administração da saúde pública.


“Mais saúde depende de maior financiamento, melhor gestão administrativa, mais capacitados médicos e um bom sistema nacional de controle e avaliação.

Infelizmente, 
a vontade política ainda não foi suficiente
 para a implementação desses parâmetros 
fundamentais à mais saúde”,
 disse o vice-presidente do CFM, Carlos Vital.


Arte de Guto Cassiano


O TCU enviou o relatório ao Ministério da Saúde
 e a vários outros órgãos públicos. 

150 milhões de brasileiros dependem
exclusivamente do SUS para cuidar da saúde.