terça-feira, 18 de junho de 2013

A crise em tempo de revolta,

Por Samuel Celestino, em seu BAHIA NOTICIAS

A crise em tempo de revolta
A quem interessa realizar manifestações, enfrentar as bombas,  balas de borracha da Polícia Militar e outras formas de repressão ao custo de 20 centavos? E nas demais capitais por motivos semelhantes, sempre envolvendo a mobilidade urbana? Em Salvador, que deve ter uma semana convulsa, a exemplo das outras capitais, especialmente São Paulo, a palavra de ordem escolhida foi em defesa do “passe livre”. Não é isso o que acontece. O que de fato existe no País é o início de uma revolta cujos motivos são mais amplos.
 
Zé dassilva
 
         
Englobam os desencontros do governo; os desacertos; a inflação; os políticos de maneira geral; o judiciário que não pune; os processos que se arrastam; os corruptos dotados de asas para plainar livres como as aves de rapina, tal como acontece com os mensaleiros, com Rosemary e companhia. Enfim, uma imensa relação de fatos que envolvem a corrupção de maneira geral; a violência instalada nas cidades Brasil afora, que aprisiona os cidadãos e banaliza a morte. Um País que deveria estar em processo de crescimento empaca em PIBs insignificantes e ouve diariamente explicações de autoridades que não as cumprem, porque elas não têm certeza do que dizem. O governo Dilma está tonto.
 
Sponholz
 
       
Há uma visível crise de autoridade no Brasil. Temos uma democracia torta, sem representatividade porque, em verdade, os partidos que aí estão, a começar pelo PT seguindo-se PMDB, PSDB, PDT, DEM, os miúdos ou nanicos, que não representam nada, absolutamente nada. O sistema não se movimenta em razão de uma burocracia entranhada em cada repartição ou órgão público do País, que atravancam o funcionamento do inepto serviço público. Não sem razão os políticos perderam o respeito, transformaram-se em agrupamentos organizados no Congresso em defesa dos seus interesses pessoais, assim como nas casas legislativas de maneira geral.
 
Quinho
 
       
Esta revolta que está nas ruas é tudo isso e mais alguma coisa. É a ausência de hospitais em número suficiente para atender a população; de escolas com nível de ensino abaixo do que se pode esperar. De resto uma sucessão de erros e equívocos. Nada do que estou a dizer é novidade. Repito o que se tem conhecimento por ser do meu dever fazê-lo, para que não haja esquecimento do conjunto de um País com governantes incompetentes, ministros indicados pelos partidos em troca de apoios no Congresso. Ao todo, são 39 ministérios para um País de mentira, número que inexiste em países civilizados, ou próximo a isso.
       
Quando, acima, citei que o governo está tonto é porque, após um período de crescimento quando o mundo enfrentava uma forte crise surgida nos Estados Unidos, em 2008, o Brasil apostou na “marolinha”. Depois de ensaiar um crescimento que animou os brasileiros e ganhou força no exterior, entendendo, erradamente, que, afinal, o gigante havia despertado, aconteceu a ressaca. O dólar, que chegava farto (e até prejudicava, tal a quantidade, o valor do real) em fuga da crise americana; refluiu, voltou à casa paterna, quando os EUA deram a volta por cima e voltaram a crescer. Por que permanecer num País, muitas vezes incompreensível para os investidores externos, se a maior potência econômica do planeta reencontrou os seus caminhos? O dólar vai puxar o real? Vai continuar derramando para países em crescimento quando a economia americana oferece sustentação?
 
   

Sponholz
 
         
Aqui, aos primeiros sinais da crise, o governo da República mudava orientações a cada momento: insuflava o consumo (que teria que ser por curto período) de sorte a não permitir a letargia da indústria e dos serviços. Como a poupança interna é parca, tal política começou a dar sinais de que teria que mudar. Isso deveria ter sido feito no ano passado, controlando ainda a inflação. Para que houvesse mais consumo, o governo realiza uma política de desoneração, quando o certo seria uma reforma econômica e tributária.
       
Agora está difícil. Nenhum governo tenta mudanças de impacto quando se vislumbra a aproximação de eleições. As eleições são a pauta do momento. Lá atrás, quando o Brasil dava os sinais do despertar, quiseram mostrar ao mundo o novo país, com Copa do Mundo e Olimpíadas em 2016. Passaram a construir estádios a preços exorbitantes e com preços de bilhetes somente accessíveis à classe A ou a média alta. Os trabalhadores ficaram de fora, vendo telões. Construíram um estádio no Planalto Central, em Brasília, onde não há clube de futebol. Blater, o senhor da FIFA, manda neste período nas principais capitais, tanto quanto Dilma, daí os dois terem sido vaiados. Quando assim começa, não se sabe como termina. É para não esquecer.
 

Duke

 
       
Aí está o resultado. O mundo mostra em fotografias e em imagens na televisão, não são as dos jogos  da Copa das Confederações, e sim a violência à frente dos estádios, contra os gastos excessivos, e nas ruas das capitais, tendo São Paulo como exemplo, ao custo de 20 centavos. É isso?
 
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