segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Punição no mensalão

Por André Carvalho (*)
em 08 de outubro de 2012

 
 
PEGA O AEROLULA EMPRESTADO
O cenário que vem sendo desenhado pelo Supremo Tribunal afigura-se, a cada dia, mais sombrio para os réus do processo conhecido por mensalão. Figuras influentes já foram condenadas e, ao que tudo indica, outras ainda serão. Existe a suspeita de que os mequetrefes abandonados pela cúpula petista abrirão o bico – como já ensaiou o Marcos Valério – causando um estrago jamais visto em nossa conturbada história republicana.

Parte considerável da sociedade quer a prisão dos condenados o que não é tão simples de acontecer, posto que as dificuldades são enormes, a começar pela seguinte questão: em qual dependência carcerária os ilustres condenados passarão seus aninhos de reclusão? As cadeias brasileiras estão abarrotadas e arrebentadas e não vejo ninguém com coragem suficiente de mandar essa turma importante para alguma delas. Digamos até que isolem e reformem uma das alas de um presídio de segurança mínima e lá hospedem todos eles. Mesmo assim, outros entraves logísticos ocorrerão.

Não sei como atuarão os carcereiros frente a essa horda de detentos notáveis. É impossível fazer de conta que ali estão bandidos comuns e chamá-los por seus números de registro prisional, digamos; 13.121; 15.171; 22.157 ou chamá-los genericamente por elemento ou por indivíduo. Os carcereiros terão que ser treinados urgentemente o que me causa um frio na espinha. Será que vão contratar, para ministrar os treinamentos, uma daquelas ong’s ligadas ao PT e habilidosas no trato dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador? Assim, vai faltar cadeia!!!

Penso também não ser recomendável o uso do vossa excelência para que a gang não pegue moral e queira dar ordens quando deveria cumpri-las. Aliás, esta é outra preocupação que me aflige: se toda a quadrilha – o relator garante que ela existe – ficar reunida numa mesma cadeia não vai dar certo! Juntos, e com o dia livre para conspirar, vai acontecer o mesmo que já ocorre em outros presídios, onde “marcolas” e “beiramares” comandam as nossas vidas aqui fora. Atente para o fato de que a hora regulamentar do banho de sol jamais será individual, pois teremos mais condenados do que horas diárias de brilho solar.

Muitas são as dúvidas. Por exemplo: quando a Ministra Ideli Salvatti ou a Presidente Dilma forem visitar seus companheiros de partido e de governo quem vai proceder as revistas? Será que Lula, numa visitinha rápida, sentirá o pavor consciencioso de quem merecia o mesmo destino? E o Demóstenes, hein? Haverá um psicólogo de plantão para amenizar tais constrangimentos?

O Brasil não tem maturidade para enfrentar situações tão constrangedoras como estas, daí a ideia de firmarmos um pacto, ao término do julgamento, como é costume nos grandes impasses da humanidade. Para a circunstância proponho o “Pacto de São Bernardo”.
Nada a ver com o berço do sindicalismo pós-moderno ou com o domicílio do chefão, e sim com São Bernardo, o Santo, reconhecido como um conciliador de maior grandeza. Façamos o seguinte: numa madrugada de domingo, a Presidente Dilma libera o Aerolula, reúne toda a cambada e os embarca com destino a Cuba desde que assinem duas cláusulas compensatórias, pois, como se sabe, pacto é sempre bilateral! A primeira delas estabelece que jamais voltem ao Brasil e a segunda exige que devolvam a tripulação e o avião após o desembarque.

Pensando bem, há um grave problema aí. Quarenta novas bocas causarão o desabastecimento da sofrida população cubana. Não há como alimentar um batalhão de gente acostumada a comer do bom e do melhor. A saída é dividir a quadrilha entre Venezuela, Bolívia e Cuba tomando o cuidado de mandar Roberto Jefferson, o delator do esquema, e o boquirroto Marcos Valério, de canoa, para o centro-oeste do Sudão. Como o sol por lá é muito forte, o pacto fornecerá bonés para proteger os incongruentes neurônios do primeiro e a lustrosa careca do segundo.

Se, como dizem, “quem dá aos pobres empresta a Deus”, creio que nossos irmãos bolivarianos e “guevaristas” deveriam ser recompensados por tamanha hospitalidade com a quitação dos milhões de dólares que receberam do BNDES, por empréstimo, nos dez anos de governos petistas.

Se, como dizem, “é melhor prevenir do que remediar”, admito que uma mente desconfiada ou abusiva imagine que tais empréstimos eram, na verdade, vigorosas poupanças previdenciárias caso o esquemão caísse, como tudo indica, cairá. 

(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.