quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Catharina, o Pilórdia a saúda!

Por André Carvalho (*)
Em 29 de agosto de 2011



BEM – VINDA, CATHARINA
Alvíssaras! Busco emprestado um refrão composto por Chico Buarque de Hollanda para, adaptando-o sutilmente, celebrar a beleza dessa hora:

“Ah, que bom que você veio
E você chegou tão linda
Eu não cantei em vão,
Bem-vinda, bem-vinda, bem-vinda,
No meu coração”.

Bem-vinda, Catharina, a este inexplicável mundo louco, ainda assim, melhor e mais arejado do que o admirável mundo novo imaginado e registrado, num clássico da literatura, por Aldous Huxley no início dos anos mil novecentos e trinta. Seja muito bem-vinda porque vale a pena estar aqui, no planeta Terra!

Não sabemos por quanto tempo ainda valerá, o que não vem ao caso agora, pois é muito cedo para falarmos do bem e do mal, do bom e do mau. O que mais interessa é que todos nós, ligados por laços de sangue, parentesco ou amizade, a amamos incondicionalmente.

Espero que você traga, impresso em doses maciças no DNA, a fleuma do seu pai e a determinação de sua mãe, e que tenha, ao longo da vida, a capacidade de usá-las de forma substitutiva ou complementar, agindo sempre, com “impetuoso” bom senso.

Saiba que veio ao mundo carregando uma enorme responsabilidade: transformou-me em avô, ora veja! Por sua conta, Cath, sou objeto de júbilo e também motivo de “chacota” pelos muitos e bons amigos que tenho. Um dia, bem próximo, se considerada a incomensurabilidade do tempo, conversaremos sobre e gargalharemos juntos.

Existe um outro dado interessante: você chegou usufruindo de uma circunstância negada à maioria dos seus semelhantes. Uma “bisavó” cem anos e dois meses mais velha que você. Desejo então, que sua passagem entre os seres humanos se estenda por período equivalente.

Também teve a sorte de nascer, fruto do amor de um casal íntegro, no ser e no conviver, longe dos vícios corriqueiros deste inexplicável mundo louco em que, agora, você habita. Siga cada um dos conselhos de seus pais, mas contrargumente, com sensatez, em prol do seu aprendizado e crescimento.

Opte sempre pelo que há de melhor – daí haver iniciado esse amontoado de emoções com Chico Buarque – ouça muita música; devore poemas; leia uma infindável pilha de livros; comemore cada alegria vivida por menor que seja e chore de emoção, tristeza ou felicidade sempre que quiser, sem vergonha dos demais e menos ainda dos seus sentimentos.

E não esqueça, Catharina, dos amigos. Somente você será capaz de construí-los. Mas o faça, antes de tudo, com honestidade e afeto, presteza e condescendência, sem jamais abrir mão dos princípios e valores herdados de seus pais. Siga-os sem medo, lute por eles, advogue, propague, convença.

Só mais uma coisinha: Quando completar quinze anos reserve um tempinho da sua adolescência e leia, pausadamente, o poema “Se” de Rudyard Kipling. Lá e então, você entenderá melhor essas minhas boas vindas. Só para atiçar a curiosidade, o poema termina assim:

“Se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal, todo valor e brilho,
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
E - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!

É hora de fazer um reparo para as minhas adoráveis filhas Mariana e Fernanda. Quando vocês nasceram, eu não sabia que era capaz de escrever algo. Sintam-se incluídas aqui, mesmo que tardiamente.

Meu primeiro beijo pra você, minha netinha!


(*) O vovô André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.