segunda-feira, 1 de agosto de 2011

André Carvalho, parcos comentárrios...



   

Por André Carvalho (*)
Em 18 de julho de 2011

PARCOS COMENTÁRIOS
Assunto não me falta: corrupção quilométrica no Ministério dos Transportes e adjacências; sigilo nas licitações e contratos das obras da Copa do Mundo de maneira a facilitar, mais que qualquer outra circunstância, o superfaturamento; aeroportos, quem diria, privatizados por um governo petista sindical; empreiteiros fugindo dos trinta bilhões do trem bala como os anjos fogem do diabo e a seleção de Mano Meneses jogando pedra nos santos e nos orixás.
Indo de encontro ao senso comum, o macabro que lhes escreve opta por conversar sobre mortes. Não aquelas de concidadãos comuns, ocorridas nas filas dos hospitais, nos desmoronamentos e enchentes, por balas perdidas ou disparadas por homicidas, por drogas ou suicídio. Estas, somadas, acontecem aos milhares e não mais acarretam a preocupação do poder público ou do público despudorado.

Quero comentar sobre três ocorrências pontuais, nem todas, contudo, objeto de morte física.

A primeira delas, o passamento do ex-ministro Paulo Renato de Souza, exige comparações porque traz a baila o resultado de seus oito anos à frente do Ministério da Educação, em comparação aos quase nove anos de gestão do Partido dos Trabalhadores na mesma pasta. Migramos da implantação do FUNDEF por Paulo Renato para a implantação do KIT GAY do Fernando Haddad; da implantação do ENEM para a incapacidade de sua correta e lícita aplicação, sem falar da mobilização trazida pelo programa bolsa escola versus o incentivo para o nois pode e nois vai. Paulo Renato morreu ainda jovem, vítima de um ataque cardíaco, o que até faz sentido, posto ser, o desgosto, axioma mortal.

O falecimento de Itamar Franco, segunda das minhas ocorrências, requer outra espécie de análise. Numa geração de grandes corruptos e bandidos poderosos, o ex-presidente da república pousou de anjo. É verdade que nada se questiona sobre desvios de conduta, quando o assunto é dinheiro. Porém, isso não é tudo! Será que o falecido foi mesmo o cidadão íntegro que tanto se propaga? O que pensa o Senador Collor sobre a atuação do Franco por ocasião de seu processo de impeachment? Será que o presidente afastado acha que seu vice foi um exemplo de ética e solidariedade ou, a boca pequena, conspirou para o desfecho que todos conhecemos?

Anos após deixar a Presidência da Republica o político mineiro tentou, desesperadamente, atribuir a si todo o sucesso do Plano Real. Chegou a declarar que Fernando Henrique Cardoso não existiria sem ele, Itamar. Não seria o inverso? Quem reuniu e comandou a equipe de grandes economistas que desenhou e implantou o Plano Real? Sem a estabilização econômica, o que teria sido o Governo de Itamar Franco? Perguntar não ofende!

A terceira das ocorrências a que me reporto, aconteceu ao sul do Estado da Bahia, lá pelas bandas de Porto Seguro e Trancoso, terra de gente bonita, rica e poderosa, mas, nem sempre, acima de quaisquer suspeitas ou vicissitudes.

Apesar das sete vítimas fatais na queda de um helicóptero que voava a sorrelfa, a morte do Governador do Rio de Janeiro, Sr. Sergio Cabral, merece incontidas comemorações. Não estranhe a morte do governador: ela ocorreu sim! Não a morte do corpo físico, aquela que costumamos chorar. O que morreu foi sua alma! Sua alma política! Suja, leviana, desonesta, marcada por acordos espúrios com empreiteiros e engalanada por uma riqueza infame.

A alma política de Sérgio Cabral poderá ressuscitar como já ocorreu com as almas de Delúbio, Genoino, João Paulo e companhia ilimitada. Todavia, ao ressuscitar da alma, o corpo físico de Cabral não terá mais aquela imagem pura do Arcanjo Gabriel. Certamente Cabral voltará com traços do demônio Sarney, outro que teve a morte de sua alma política festejada e que o todo poderoso Lula, necessitado de discípulos fiéis, ressuscitou.

Benza Deus.

(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.