segunda-feira, 21 de março de 2011

Vou não, quero não, posso não...

Por André Carvalho (*)
em 110de março de 2011
btreina@yahoo.com.br




CHAVES DA CIDADE
Estou decepcionado com o resultado de meu árduo trabalho, durante o carnaval, em busca de adesões a um abaixo assinado. Apesar do empenho não cheguei a trinta signatários, número insuficiente e ridículo, face a importância da causa. Muitos viajaram, outros, alcoolizados, não entenderam a proposta e os descrentes, em número avantajado, argumentaram: “isso não vai dar em nada”.

Não coube alternativa senão me desabafar com você, caro leitor, que faz parte de um grupo restritíssimo avaliado em quinze companheiros. Companheiro não, que é coisa de petista. Camaradas! Não, não, camarada é coisa de comunista. Paciente! Isso, paciente, porque é preciso “sangue de Jó” para chegar até aqui lendo toda esta lengalenga.

Está bem, vamos ao que interessa. Risonho, sem que se saiba o porquê, o Prefeito de Salvador marcou presença na abertura oficial do carnaval da cidade, evento que já teve seus dias de glória em que se cantava Chiquinha Gonzaga: “ó abre alas que eu quero passar, ó abre alas que eu quero passar, eu sou da lira não posso negar, eu sou da lira não posso negar”. Neste ano, para o alcaide soteropolitano, bem que caberia um “vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não, vou não, quero não”.

Silenciando as más línguas e desconsiderando letras de músicas, João compareceu, choramingou e entregou as chaves da cidade ao rei momo, um cidadão dotado de portentosos cento e oito quilos, simpaticíssimo e que se declarou emocionado com tudo aquilo (desculpe o trocadilho a quilo). Ao seu lado, a rainha do carnaval, acompanhada por duas belas princesas.

A idéia do abaixo assinado nasceu aí, na entrega das chaves. Com o rabisco da maioria da população, o momo de 2011 não devolveria as chaves ao fim seu reinado e continuaria no comando da cidade, coisa que o Prefeito, em seis anos de praça, jamais conseguiu.
Fiquei convencido da pertinência do comando de Salvador em mãos carnavalescas após saber que o Secretário de Turismo do Estado Sr. Domingos Leonelli – um político com nome de padre e ideias de Berlusconi – comentou estatísticas anteriores e atuais sobre o quantitativo de turistas durante o evento. Na oportunidade – e político vive de oportunidades – Domingos declarou que nem que se fizesse a maior suruba (sic) do mundo, conseguiríamos reunir um milhão de turistas como propagaram os governos anteriores, todos, dirigidos por seus desafetos.

Com Marta Suplicy, Pedro Novais e Domingos Leonelli à frente do turismo brasileiro não há como reclamar dos agentes internacionais que nos vendem – o país e seu povo – como paraíso do turismo sexual.
Não entendo de suruba (sic) e jamais participei de alguma, mas uma coisa é certa: com João Henrique prefeito, jamais promoveremos um bacanal capaz de comprovar o entendimento estatístico do Senhor Secretário. “Vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não, vou não, quero não”... Confesso-me curioso em saber a opinião da mulher do secretário, do rei momo, da rainha e de suas princesas. A de João, creio que sei!

No carnaval do Rio de Janeiro, tão invejado por políticos baianos, canta-se uma marchinha composta por Mirabeau, Milton Oliveira e Urgel de Castro, que veste bem nosso turístico dirigente. Diz assim:

Chegou, a turma do funil
Todo mundo bebe mas ninguém dorme no ponto
Há há há há, mas ninguém dorme no ponto
Nós é que bebemos e eles que ficam tontos.

Engov não cura bebedeira, mas alivia a ressaca secretário...