domingo, 27 de fevereiro de 2011

E o Oscar vai para...

Por André Carvalho (*)
em 23 de fevereiro de 2011
btreina@yahoo.com.br



O OSCAR VAI PARA...
O que eles fizeram foi uma maldade! Desde pequenininho ouço dizer que os americanos do norte não são confiáveis. Brizola, João Goulart, Francisco Julião, Lamarca, Marighella, Fidel Castro e Chico Buarque sempre alertaram, cada qual a seu tempo, porém, de maneira semelhante, sobre a forma de agir desse povo que habita território considerável no hemisfério norte ocidental.

Demorou quase cinquenta anos para que seu amigo aqui percebesse, num episódio incontestável, a verdade acima. Lembram-se do Barack Obama, de frente para o mundo, cognominando nosso ex-presidente de o “Cara”? O máximo, não foi? Pois bem: todos nós, além dos cubanos, iranianos, bolivianos e sudaneses, acreditamos na sinceridade daquele homem e de suas belas palavras, tanto que passamos, brasileiros de todos os naipes, a pensar e agir sob efeito do “yes, we can” “baraquiano”.

Nessa onda de poder, grandeza e otimismo sugerida pelos “yanques”, uma comissão de nove membros escolhidos pelo Ministério da Cultura indicou, por unanimidade, “Lula o filho do Brasil” como nosso representante na disputa de melhor filme de língua estrangeira na edição de 2011 do “Oscar”. Segundo os entendidos do Planalto Central uma barbada para o melhor homem “tema” do mundo – nada mais que o escolhido do presidente americano.

Nacionalista como poucos, pensei logo na festa da vitória: fogos de artifício no padrão do réveillon de Copacabana, bandeiras vermelhas desfraldadas como jamais se viu, internautas fanáticos postando mensagens de congratulações em mal traçadas linhas, imprensa a postos para registrar o grande momento, bonés do MST, da CUT, do PT e da UNE bordando os ares e um país em alegria inconteste.

No discurso, mais longo do que o permitido – ora bolas! – o agraciado faria, entre risos e desaforos, referência ao basquetebolista aposentado Oscar, como se uma coisa tivesse correlação com a outra. Faria também, para manter a liturgia futebolística dos seus anos de presidência, referência a outro Oscar, aquele zagueiro da seleção brasileira de futebol nas copas do mundo de 1978 e 1982 que, apesar de craque, não alcançou os píncaros da glória como outros felizardos por aí.

Fui mais longe: imaginei que em seu retorno, durante o taxiamento do airbus multi-presidencial, no aeroporto de Brasília, o filho do Brasil, a exemplo de Romário na conquista da copa do mundo em 1994, colocaria irresponsavelmente a cabeça e o tronco fora da escotilha do avião, levantando numa das mãos a bandeira nacional, e noutra, a famosa estatueta dourada. Claro que tudo isso num feriado nacional ou, na pior das hipóteses, ponto facultativo nas esferas federal, estadual e municipal.

Tudo que imaginei e desejei, ocorreria nos dias vinte e sete e vinte e oito de fevereiro próximo, uma semaninha antes do carnaval, durante e logo após a festa de entrega do Oscar, onde, esperava a nação brasileira, o grande líder e pai de todos, em lugar de o diretor da película, recebesse das mãos de uma belíssima mulher, quem sabe Marcela Temer, um prêmio que ainda lhe falta.

Tudo isso ocorreria se...

Tristeza maior, acabo de saber que os americanos do norte, malsãos, invejosos e traiçoeiros, depois de meses de paparicação ao Inácio seguido de outros tantos de silêncio, rejeitaram “Lula o filho do Brasil” levando por água abaixo a esperança de mais uma vitória do “grande líder”. Ao invés do filho indicaram ao prêmio um documentário, rodado no Brasil, cujo tema é o lixo. Será que faz sentido?

Mesmo não sendo cinéfilo ou lulista fiquei abatido com tal desfecho. Um feriado a menos! Maldade com o Lula e seus unânimes, não é mesmo?


(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.