terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Dilma e sua cara-metade... Quem?

Por André Carvalho (*)
Em 05 de dezembro de 2010
btreina@yahoo.com.br





Primeiro alguma coisa
De certa forma estou alegre com a eleição de Dona Dilma para a Presidência da República. Continuamos com as escolhas primárias: o primeiro isso, o primeiro aquilo, o primeiro aqueloutro, o que faz enorme bem à autoestima do povo brasileiro. Ser primeiro é nosso sonho, quer seja no futebol, na fórmula um, no voleibol, na educação, na saúde, na segurança e... Nos três últimos universos, é sonho mesmo, porque do jeito que está, com os governos que temos, assim continuará.

Pensando em primeiros, surgiu uma dúvida que me angustia sobremaneira, até porque, para o caso, não sei o que reza a Constituição, apesar de, ao cidadão, ser negado o direito de desconhecer a lei, principalmente a Carta Magna. Devo ser dos poucos que a desconhece, de ponta a ponta, o que, por vezes, me leva a questionar a própria cidadania.

Está querendo saber qual a dúvida? Certo, vou revelar, mesmo sendo ela, a dúvida, uma questão menor no momento de transição em que vivemos.

A questão é: quem será, a partir de primeiro de janeiro de dois mil e onze, o substituto protocolar de Dona Mariza Letícia? E tem mais: não somente o quem é dúvida. Seja ele quem for, será mesmo o quê? Primeiro Cavalheiro, Primeiro Amo ou Primeiro Consorte? Em sendo consorte, temos na verdade, uma piada de fino gosto. Com sorte? Com Dilma? Tem certeza?

Ao dicionário, você deve estar pensando. Combinado, vamos a ele, ao Aurélio. Amo é um substantivo masculino que significa dono da casa, patrão, senhor, chefe. Cavalheiro é outro substantivo masculino que significa homem de sentimentos e ações nobres, como também homem de boa sociedade, de educação esmerada, cortês. Por fim consorte, também um substantivo, mas que atende aos dois gêneros e significa cônjuge ou companheiro na mesma sorte, estado ou encargo.

Uma análise desapaixonada dirime as dúvidas. Vejamos: parece-me que a Dona Dilma não tem um consorte, pelo menos por enquanto, e reviver consortes passados não é o mais indicado emocionalmente. Digo assim porque não ficou claro, na campanha, tal circunstância. Mas, campanha é campanha, e jamais retrata a realidade do candidato. Se a eleita fosse a Marta, não haveria dúvidas e teríamos um “Primeiro Consorte” mesmo não lhe sendo, este, o primeiro.

A depender do rumo da prosa, das negociações e indicações, das perdas e ganhos o José Dirceu, que anda quieto e enigmático, poderá ser o homem forte do futuro governo, o dono do pedaço, o chefe, o patrão, o senhor de todas as coisas. Assim, teremos um “Primeiro Amo” sempre ao lado da primeira mulher Presidente, quando não à sua frente. Mercadologicamente o “Primeiro Amo” deve ser uma figura altiva, autoritária e cônscia de seus plenos poderes. Nenhuma dificuldade para o postulante.

Por fim, dando errado o rumo da prosa, aquela ideia petista de enrolar o PMBD e colocá-lo no saco, surge no cenário o Temer, um Vice Presidente não eleito, mas um cavalheiro de modos contidos, educado, de voz sussurrada, não tão nobre ou de boa sociedade como sugere o Aurélio Buarque, mas, enfim, um cavalheiro. Estará sempre ao fundo da Presidente, tal qual um papagaio de pirata e o Brasil terá então, um “Primeiro Cavalheiro”. Nunca antes, na história deste país...

Nem tudo é azar, muito menos sorte, convenhamos...

(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.