sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Uma palavrinha sobre Sebastião (sic) Ponte Preta...

Por André Carvalho (*)

Em 16 de novembro de 2010
btreina@yahoo.com.br


CEBOAPÁ
Você deve estar se perguntando o que significa CEBOAPÁ. Explicar não é tão simples, entretanto, aventuro – me a fazer. Nos tempos de chumbo da ditadura militar que governou o Brasil, um cidadão chamado Sérgio Porto escreveu, com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, deliciosas crônicas satirizando o cotidiano da política e da sociedade. Engenhoso e mordaz, Stanislaw denominou sua fonte inspiradora de FEBEAPÁ (festival de besteira que assola o país). Com este mote foram editados três volumes de monumental sucesso de crítica.

A presidente eleita, com a competência e inteligência que o país acredita haver sido transferidas por Lula citou, num entrevero de campanha, Sebastião (sic) Ponte Preta para intuir que vivemos, agora, uma central de boatos (sic), assolando o país.

Dilma “ruimself” (leia-se ruim por si própria ou ruim pela própria natureza) confundiu Stanislaw com Sebastião, festival com central e besteira com boato. Se vivo estivesse, o humorista teria assunto de sobra para escrever não três volumes temáticos, mas um livro por semana tal a quantidade de besteiras que, pela constância e pela aceitação da claque subjugada, não somente assola como solapa o país, respectivamente.

Está claro que a eleita desconhece maiores detalhes sobre a obra do Stanislaw, que faleceu aos quarenta e cinco anos, deixando muitas publicações cujos títulos, atualíssimos, cito na sequência, agora que você já sabe o que é CEBOAPÁ (central de boatos que assola o país).

Em 1961, o Sebastião da Dilma escreveu Tia Zulmira e Eu que me traz um sorriso ao imaginar a Marilena Chauí – filósofa petista de quatro costados e autora da obra Repressão Sexual – confabulando com a Dilma sobre o tema.

No ano seguinte surge Primo Altamirando e Elas, título que me remete ao José Dirceu, cujo caráter rivaliza com o do personagem, ladeado por figuras tais como Ideli Salvatti, Marta Suplicy, Marisa Letícia e por aquela que dançou no plenário da Câmara Federal, a Ângela Guadagnin, todas petistas e cônscias de suas magníficas belezas, não necessariamente naturais.

Depois, em 1963, veio às prateleiras Rosamundo e os Outros que, de tão atual, me traz um Antônio Palocci distraído, tal qual o personagem principal, a ponto de confundir seu extrato bancário com o de um caseiro nordestino. Nordestino não, que pode soar preconceituoso – brasileiro. Rodeado por Genuíno, Delúbio, Silvinho, João Paulo e companhia, Antônio foi citado na mais alta corte do Brasil, o Supremo Tribunal Federal, mas parece não haver se dado conta, tanto que está por aí, fagueiro.

Seguindo a trajetória de sucessos surge, em 1964, Garoto Linha Dura, manequim perfeito para o Ministro Franklin Martins, o Goebbels dos tempos contemporâneos, que sonha acabar com a imprensa livre e com o capitalismo dito selvagem, seja isso a bobagem que for.

O mais sintomático é que pouco antes de morrer, em 1968, ano que, dizem, política e emocionalmente não terminou, e muito antes das greves dos metalúrgicos no ABC paulista, Stanislaw publicou A Máquina de Fazer Doido. Transportado para os dias de hoje, é ele, não resta a menor dúvida. Sabe quem é ELE, não é mesmo?

Uma canção de Ary Barroso, intitulada “Isto aqui o que é”, bem que poderia ser do Sérgio Porto: isso aqui ô, ô, é um pouquinho de Brasil Iaiá, desse Brasil que canta e é feliz, feliz...

(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.