Por Carlos Brickman, em sua coluna
O alvo somos nós!
Serra, Eduardo Jorge, Verônica, eles são apenas parte do problema. O problema inteiro é outro: todos os que pagam Imposto de Renda e pensavam estar a salvo de bisbilhotagem, protegidos pelo Estado brasileiro, representado pela Receita Federal.
Não é questão de saber se o dinheiro de alguém é lícito ou ilícito, que disso a Receita tem obrigação de cuidar; a questão é que a vida da pessoa passa a ser pública, ao alcance das candinhas e dos fuxicos. O presidente Lula sabe o que é isso - ele não queria expor sua filha, e ela foi exposta. O caseiro Francenildo, todos ficaram sabendo, andou recebendo dinheiro do pai.
Fernandes
Não se pode tratar um problema como este como tema eleitoral. Discute-se se isso rende votos ou não (o que vem sendo debatido pelos dois lados). O rendimento eleitoral que se dane: quando uma cláusula constitucional é violada e a reação é de deboche ("cadê esse sigilo que não aparece?"), a vítima é a população.
Sigilo é bobagem? OK: que se quebre o sigilo dos processos de família, então, especialmente os litigiosos. Há gente que se negou, gente que deu, gente que traiu, gente que tem hábitos estranhos, gente que gosta de ficar nu e ser pisado por profissionais de salto alto, gente que treme só de pensar que alguém possa descobrir o real motivo de uma separação. E ninguém, a não ser o cônjuge, tem nada com isso. Aberto o sigilo, tudo vira tema de fofoca pública.
Não dá. Aliás, nem é um assunto que se deva discutir. O sigilo é protegido pela Constituição, e pronto. Respeitar a Constituição é obrigatório. Para todos.
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Já que citamos as violações de sigilo, há uma frase de Dilma que tem de ser lembrada. O primeiro a explicá-la ganha um picolé de chuchu: "Tem um salto mortal entre os vazamentos na Receita e a minha campanha".
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