quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Pinduca para presidente


Por André Carvalho (*)
Em 16 de setembro de 2010


Pinduca
Em troca do meu último alfarrábio, intitulado Pode Cair, recebi de um querido amigo, residente em Brasília – sempre ela – a seguinte mensagem: “fico feliz em saber que vc poderá seguir com seus artigos inflamados contra o governo pois, se "pinduca" vencesse...Abs”.

De início é necessário esclarecer que meu amigo, cidadão de reconhecida probidade e competência, trata o candidato José Serra por Pinduca motivado pela semelhança física, que é cômica e verdadeira, posto que o personagem, criado em 1932 por Carl Anderson, nada tem de coincidente, em seu perfil, com o político paulista a começar pelo bom humor não demonstrado por Serra.

Muitos acreditam que escrevo, unicamente, contra o governo e contra os petistas. Muitos, é força de expressão, pois não tenho tantos leitores que justifique o aqui pronome indefinido. Mais adequado é o uso de outro pronome, também indefinido: alguns.

A verdade é que escrevo contra os absurdos ditos ou cometidos por políticos, o que me leva, nesse atual momento da vida brasileira, à extrema exaustão tantas são as idiotices que encontro. Sarney, Jader, Collor, Jucá, Maluf e Arruda, que não são petistas, frequentam, com assiduidade, minhas mal traçadas linhas. Não só eles. O falecido Acm também aparece por aqui de quando em vez.

Dias atrás, assistindo aos noticiários, naquele indefectível bloco da agenda dos candidatos, escutei de dona Dilma uma idiotice sem par, ao dizer, referindo-se ao Sete de Setembro, que o Brasil se tornou independente porque pagou a dívida com o FMI e que somos, agora, um país credor. Arrematou afirmando ser este, o verdadeiro motivo para a comemoração do povo.

Ora, me faça uma garapa! A decisão de pagar a dívida com o FMI é de uma burrice astronômica se entendida pelo aspecto macro econômico, nasceu da prepotência do Senhor Presidente e os marqueteiros transformaram a questão num fato gerador de apoio popular. O Brasil continua devendo “horrores” a taxas menos atrativas do que aquelas cobradas pelo FMI.

O País agiu como o cidadão que saca o limite do cheque especial para quitar o financiamento do carro e adquirir sua “soberania” com o fim da alienação fiduciária. Depois da bobagem consumada o cara manda os filhos espalharem, entre os amiguinhos do conjunto habitacional, que o carro do papai está quitado. Dia seguinte, no estacionamento, estufa o peito ao abrir a porta da “caranga” e, no trabalho, espalha seu feito, sem mencionar como isso ocorreu.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo o Professor Ricardo Hausmann, de Harvard, afirmou que “o Brasil é um país esquizofrênico. Tem uma política fiscal em que o BNDES coloca o pé no acelerador e o Banco Central no freio”. A esquizofrenia se manifestou perfeitamente na quitação da dívida com o FMI.

Ainda no Sete de Setembro a candidata situacionista desafiou os contrários a convencer o povo e eleger seu adversário. Elementar minha senhora! Dêem-me o orçamento, os cargos, os marqueteiros, a mentira, a Receita Federal, a Polícia Federal, a Casa Civil da Presidência e a complacência dos demais poderes e convencerei a todos, inclusive os instruídos.

Quanto à pecha de inflamado que me imputa o amigo brasiliense, creio que o hábito do cachimbo faz a boca torta. Há muito sou governado por inflamados. Quer ver? Figueiredo, Itamar, Collor e nos últimos sete anos, Lula. Alguém mais inflamado que “pai” Inácio?

O bom da história é que cheguei à conclusão de que, até aqui, levei fama sem proveito. Portanto, me aguardem dona Dilma e companhia!

(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.