segunda-feira, 9 de agosto de 2010

XXXIX - A Arte de Kate McGwire

Especial EsCulturArte


XXXIX - Escultura com Penas de Pombo



A Arte de Kate McGwire

Desde sempre argumenta-se se isso é belo ou se aquilo é feio. E é com essa dubiedade em mente que a artista inglesa, Kate MaccGwire, surge com a iniciativa de unir esses dois conceitos através de suas impressionantes esculturas com penas de pombos, onde busca mostrar-nos que a idéia do belo, não necessariamente significa algo que somente encanta os sentidos mas que também pode repelir e nos fazer questionar as coisas à nossa volta.

Os pombos da cidade que lotam o topo dos prédios, igrejas e calhas de galpões, são aves geralmente conhecidas como sendo sujas e transmissoras de doenças, podendo à primeira vista causar uma certa repulsa, tanto que muitas vezes são chamadas de ratos com asas.



É precisamente por esse motivo que Kate optou por utilizar as penas dessas aves como matéria prima em suas obras, ao mesmo tempo que nos faz lembrar que se o pombo tem essa imagem negativa, a Pomba, por sua vez, simboliza a paz e a esperança de um mundo melhor. 



O seu primeiro trabalho - Retch - não decorreu numa galeria de artes, mas sim, nos esgotos da cripta da Igreja de St. Pancras, em Londres. Ela dispõe as penas nas suas esculturas de forma a causar uma impressão de algo líquido em movimento, como um fluxo de água.

A idéia repelente de uma inundação de penas que saem do esgoto é propositada, mas ao mesmo tempo o observador compreende o conceito, e a repulsa transforma-se em admiração perante a obra que observa.



Heave, instalação levada ao público em 2008, ocupou a Fieldgate Gallery, também na capital britânica. No entanto, a enxurrada de penas permaneceu presente. Tudo para provocar, questionar e subverter conceitos pré-estabelecidos.

Uma das grandes referências no trabalho de Kate vem de Freud e do seu artigo sobre a palavra Unheimlich, que significa inquietante.



Esta referencia fica nítida numa das suas mais intrigantes obras - Vex - feita em 2009. Presa numa caixa de vidro, surge uma criatura que desafia os naturalistas a chegarem a alguma classificação. Metade serpente, metade ave, esconde seu rosto dentro de seu corpo causando uma sensação de completa estranheza e contemplação.

Para alívio de todos cabe-nos informar que Kate segue a idéia de coleta e reutilização, e grande parte das penas é angariada em armazéns abandonados e através de doações de criadores de pombos-correio.



O trabalho de Kate MaccGwire pode transmitir inúmeras sensações, porém nenhuma delas é a indiferença. O conceito que gera em torno da utilização das penas e o modo como o faz é surpreendente. Beirando uma perspectiva abstrata, transporta o espectador para dentro de um mundo, onde nem tudo é o que parece ser.


Fontes katemccgwire / obviousmag