De Antonio Ribeiro, de Paris
Nos Estados Unidos, os policiais são injuriados como pigs, porcos. Na França, eles são perjurados, como poulets, frangos. Mas aqui, eles estão bravos. A razão vem de uma astuciosa publicidade que conta verdade notória na terra onde a culinária é tratada com a importância das questões de estado. Diz ela: “Frango de Loué, criado em liberdade”.
E por abaixo, vai a fotografia de um altivo jovem policial. “Outros frangos” é a legenda da imagem de um camburão repleto de policiais — uns gordinhos, outros magrinhos e todos com expressões não muito inteligentes.
Em nada adiantou o criador de frangos caipiras da região de Loué argumentar que seu objetivo não era insultar, mas colocar em evidência a qualidade dos seus produtos, servindo-se de gíria conhecida até nos pátios das escolas primárias.
Nicolas Comte, presidente do principal sindicado de policiais do país onde ovos de galinhas criadas ao ar livre são conhecidos como produto de ave feliz, escreveu para o dono da granja. “Os agentes de manutenção da ordem pública foram denegridos da forma mais vulgar, não estão contentes.”
A publicidade, estampada em outdoors e até em cartazes em pontos de ônibus, como na foto que ilustra este post, é um tremendo sucesso. O francês olha para a imagem e, invariavelmente, sorri.
Se não houver policial por perto, chega a desenvolver comportamento não muito habitual: puxa conversa com desconhecidos. Isso para sondar alguma cumplicidade na graça. Em contrapartida, a direção da polícia está preocupada porque alguns gendarmes evitam os lugares onde a publicidade é mostrada com mais evidência.
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