Por Carlos Brickman em sua coluna
De volta, os velhos tempos ruins
Os bons e velhos tempos, disse certa vez o excelente Pedro Cavalcanti, referindo-se aos Anos Dourados em que Juscelino era presidente, a Seleção ganhou duas Copas do Mundo e a bossa-nova revelou novos talentos em série, só foram tão bons porque éramos todos mais jovens.
Parte II: http://www.youtube.com/watch?v=lnK8XkTkEu4
O mesmo tipo de desrespeito permeia o debate político. Quem se atrever a criticar o Governo ou sua candidata é automaticamente qualificado como "direitista retrógrado"; quem se atrever a apoiar o Governo será "mais um mamando", alguém que ainda não percebeu que o Muro de Berlim ruiu há mais de 20 anos.
Não pode dar certo. Tanta raiva acaba impedindo que os cidadãos aceitem pacificamente a voz das urnas. Parece que a eleição de Dilma, ou Marina, ou Serra, representará o final dos tempos. O indignado não percebe que eleição é apenas eleição. Seja quem for o eleito, não é isso que vai modificar a posição relativa dos bancos e dos supermercados no ranking das grandes empresas.
E foram bons, também, porque gostamos de esquecer o que era ruim. Como deixou escapar um grande diplomata, cujos ótimos serviços ao país foram ofuscados por essa frase, o que é ruim a gente esconde, o que é bom a gente mostra.
Lembramos o grande JB, os textos arrasadores de Carlos Lacerda na Tribuna da Imprensa, o talento jornalístico e a ousadia de Samuel Wainer na Última Hora, e não lembramos as baixarias da guerra entre a Tribuna e a Última Hora, a Última Hora e os Diários Associados, as benesses governamentais grudadas ao exercício do jornalismo, o cotidiano de chantagens promovidas por muitos jornais e jornalistas. Este passado, nós o esquecemos; e parecemos hoje condenados a repeti-lo.
A baixaria se insinua nos grandes jornais, está escrachada na TV (a agressão aos participantes do que se convencionou identificar como "jornalismo de programas de humor" é absurda e tem de ser condenada, mas jornalismo de verdade não inclui usar escadas gigantes para tentar fotografar o interior do apartamento de uma atriz, nem arrotar na cara de uma entrevistada para testar sua reação), e fincou raízes profundas na Internet.
Um blog que repercute no meio virtual, criticando uma posição do presidente Lula no evento Brazil is calling you, na África do Sul, pôs em dúvida sua sobriedade, e ainda por cima usando termos inaceitavelmente chulos e desrespeitosos. Os termos não são desrespeitosos apenas porque Lula é o presidente da República, representa o país e conta com o apoio de ampla parcela do eleitorado, mas também porque ele é gente. Críticas, tudo bem; críticas duras, faz parte do jogo; mas o respeito tem de ser mantido. Vale até colocar em dúvida a sobriedade da autoridade, mas com base em indícios sólidos, não apenas para fazer piada.
Veja vídeos abaixo
O mesmo tipo de desrespeito permeia o debate político. Quem se atrever a criticar o Governo ou sua candidata é automaticamente qualificado como "direitista retrógrado"; quem se atrever a apoiar o Governo será "mais um mamando", alguém que ainda não percebeu que o Muro de Berlim ruiu há mais de 20 anos.
Não pode dar certo. Tanta raiva acaba impedindo que os cidadãos aceitem pacificamente a voz das urnas. Parece que a eleição de Dilma, ou Marina, ou Serra, representará o final dos tempos. O indignado não percebe que eleição é apenas eleição. Seja quem for o eleito, não é isso que vai modificar a posição relativa dos bancos e dos supermercados no ranking das grandes empresas.