XXIII - André Brito
O portugues da cidade do Porto, André Brito, desde criança viveu no mundo mágico da fotografia graças ao pai com quem passava horas na câmara escura, tal como ele mesmo diz, a assistir ao "milagre" da revelação.
Após a morte de seu pai herdou as suas câmeras fotográficas e percebeu ser esse o seu destino. Ao formar-se em área ligada 'a tecnologia adquiriu sua primeira câmera - Canon EOS 500n.
E quase ao mesmo tempo, resolveu conciliar duas de suas maiores paixões: a fotografia e o mergulho submarino. Em poucos meses a EOS 500n já estava debaixo de água, dentro de uma caixa estanque... "e foi a fotografia subaquática que me levou a evoluir muito em termos técnicos, pois é uma disciplina muito exigente em termos de iluminação artificial".
André Brito é conhecido por sua expertise em várias modalidades no mundo da fotografia tais como, publicidade, moda, fotografias subaquáticas e esportivas mas o destaque maior fica para as fotografias de nú artístico.
Foi em 2003 que surgiram os trabalhos nas áreas de nus, para os quais improvisava "estúdios artesanais" com candeeiros de luz halogéna, cartolinas servindo de refletores e caixas de luz feitas com caixotes de papelão. O trabalho de nus de André Brito pode ser dividido em duas áreas: em estúdio e exteriores.
Em estúdio, adota estilos diferentes, que podem variar entre movimentos e grafismos estáticos e simétricos. Por norma, adota poses em tensão, com alguma sensualidade, mas sempre mostrando um corpo feminino forte e poderoso.
"Em estúdio sou muito meticuloso com a iluminação. É uma das marcas do meu trabalho. Uso-a de forma a desenhar o corpo, a salientar a musculatura ou as linhas corporais e, para cada pose, a iluminação é de novo trabalhada.
Alguns centímetros de diferença na distância da luz ao corpo, o ângulo de iluminação ou ao ângulo em relação à câmara fazem a diferença. Daí que a preparação da luz seja demorada", refere André.
Um dos segredos do meu trabalho, sobretudo em estúdio, é o fato de ser muito perfeccionista - se a imagem não estiver a 100 por cento, não desisto até a conseguir."
Quanto a trabalhos em exteriores, a pose passa a ter maior relevância, pois é através dela que a modelo se integra, ou não, no "cenário". "Esse é o maior desafio que encontro nas imagens de exteriores, conseguir uma integração harmoniosa ou, pelo contrário, em choque, com o ambiente."
"Nas sessões de exteriores o planejamento passa pela visita prévia ao local onde vou fotografar, de preferência com a modelo, para que possamos estudar os locais e poses a adotar, assim como imaginar e decidir qual a melhor hora do dia para a sessão de fotos.
Com a luz ambiente em jogo, as minhas preferências vão quase sempre para o início ou final do dia, quando a luz é menos intensa e não cria tantas sombras. Mas um dia nublado pode facilitar tudo isso e proporcionar algumas horas extra de sessão.
Por vezes, para puxar um pouco os brilhos da pele, utilizo luz artificial, seja com um pequeno flash na sapata da câmara, um flash externo em disparo remoto ou mesmo luz de estúdio, quando se justifica."
Sobre a sua tendência para as imagens a preto e branco, André afirma que não tem nenhuma razão em especial. "Apenas me agrada mais visualmente, e gosto do preto e branco levemente aquecido. Comecei por apresentar os meus trabalhos assim, e assim ficou até hoje. Acho que é uma marca do meu estilo. Quando fotografo já o faço a pensar na imagem com essa tonalidade e nunca tenho dúvidas quanto à sua aplicação.
Hesitei apenas uma vez com uma imagem captada numa praia de areia negra: o azul do céu refletido na água de uma onda, que avançava e recuava na areia negra, fazia um efeito incrível, mas acabei por ceder... resultava também muito bem em monocromático e a prova é que a imagem acabou por ser um sucesso!"
Uma das principais características dos nus de André Brito é o fato de nunca captar os rostos das modelos que fotografa.
Mas para o fotógrafo isso tem uma explicação lógica. "Fotografando o corpo feminino e apresentando-o sem face - sem uma identidade - mais facilmente consigo fazer com que qualquer mulher se possa ver naquele corpo, se possa identificar com ele, se possa sentir nele, possa sentir a sua força...caso fosse visível o rosto, aquele corpo já teria "dono", sendo mais difícil a quem visualiza a imagem poder "sentir-se" nele.
Além disso, assim protejo a identidade da modelo. Apesar de nas minhas imagens a mulher ser dignificada, em Portugal, ainda é complicado lidar com o nu de forma natural."
















