Por Augusto Nunes, em seu Direto ao Ponto
O País do Carnaval puniu Paris Hilton por falta de decoro
O clima é excessivamente sensual, resolveram alguns telespectadores confrontados com o anúncio da cerveja Devassa estrelado por Paris Hilton. Mulher não é objeto sexual, escandalizou-se Nilcéa Freire, secretária especial de Políticas para Mulheres da Presidência da República. O comercial deve ser censurado, decidiram os integrantes do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, o Conar.
Nenhum dos combatentes reunidos na frente moralizadora viu algo de errado nas comparações escatológicas de Lula, no top-top-top de Marco Aurélio Garcia, no relaxa e goza de Marta Suplicy, na dança do mensalão de Ângela Guadagnin ou no samba da vassoura de Dilma Rousseff. Nada disso é indecoroso ─ nem o bigode asa-da-graúna de José Sarney. Obscena é a performance de Paris Hilton:
O comercial da Devassa não foi o primeiro a valer-se da nudez feminina, sugerida ou explícita, para popularizar uma marca de cerveja. Tampouco é o mais ousado da última safra. Mas foi o primeiro a ferir a alma delicada de Nilcéa, e a induzir os conselheiros do Conar a tirarem da sala as crianças que nela podem permanecer quando entra no ar, por exemplo, esta peça publicitária da Skol:
A secretária Nilcéa certamente viu todos os comerciais de cerveja. Só ao topar com uma americana na telinha descobriu que, além de estimular o preconceito contra as louras, esse tipo de anúncio “tenta vender a mulher como se fosse um produto”. Pelo meio-sorriso na foto, a censora federal sabe que não corre o menor risco de ser submetida a tal constrangimento.
NOTA: Vídeos e imagens copiados juntamente com texto.