Por André Carvalho (*)
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Música, Presidente, música
Um elefante chateia muita gente, dois elefantes chateiam, chateiam muito mais. Se dois elefantes chateiam muita gente, três elefantes chateiam, chateiam, chateiam muito mais... Quem teve infância em anos passados lembra da musiqueta que cantávamos para pirraçar a quem por perto estivesse.
Pois bem, o presidente do país, desse “pobre” Brasil, do alto de um palanque de campanha em Juazeiro – Ba, à revelia da lei eleitoral, trouxe de volta a musiqueta com uma letra que lhe veste como luva. “Se um lulinha incomoda muita gente, uma dilminha incomoda muito mais”. Como sempre, fazia troça!
Mas é verdade, Presidente! O senhor e a dona Dilma são dois pesos, mais que pesados, que incomodam sobremaneira parte do povo brasileiro. Claro que me refiro àquela minoria que pensa criticamente e que se envergonha por seus atos e bravatas. Aquela minoria que é objeto de sua ira e, quem sabe, de sua inveja.
Pois bem Luiz Inácio. No dia em que Johnny Alf, um músico de real valor e precursor da bossa nova, desceu à sepultura, vou buscar na leveza daquele movimento versos de uma canção intitulada “Sabe Você”, de Vinicius de Morais e Carlos Lyra, que certamente o senhor jamais ouviu, mas que lhe cabem muito bem:
Você é muito mais que eu sou,
Está bem mais rico do que eu estou,
Mas o que eu sei você não sabe,
E antes que o seu poder acabe,
Eu vou mostrar como e por quê,
Eu sei, eu sei mais que você.
Foi o senhor, Presidente, quem disse não saber daquilo que ocorria nas entretelas de seu governo, nos entrelaços de seus camaradas e nas entrelinhas de seus conchavos.
Interessante, Senhor Presidente, mas juntamente com a minoria a que pertenço, sei de ética o que o senhor jamais saberá; de honestidade aquilo que o senhor espertamente não quis saber; de educação o que não lhe coube e de sensibilidade o que não lhe é pertinente.
Outra música Senhor Presidente – Canto de Ossanha – ainda da seiva de Vinicius, desta vez em parceria com Baden Powell, diz em um dos seus versos:
“O homem que diz “dou”, não dá.
Porque quem dá mesmo, não diz,
O homem que diz “sou”, não é,
Porque quem é mesmo, é “não sou”.
Será que o senhor entende isso, Presidente?
Porém, se é para fazer troça, coisa em que o senhor é mestre, mas jamais será doutor pois lhe falta sutileza na ironia, “trago” uma canção, composta por Ochelsis Laureano e Raul Torres e que vem a calhar. Seu título? Marvada Pinga. Preste atenção Senhor Presidente da República:
Com a marvada pinga
É que eu me atrapaio
Eu entro na venda
E já dou meu taio
Eu pego no copo
E dali nun saio
Ali memo eu bebo
Ali memo eu caio
Só pra carregá
É que eu dô trabaio”,
ôi lá!
E que trabalho, hein Senhor Presidente!!!
(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.
