Lula: a homenagem permanente a Arafat
Israelenses e palestinos encetaram sozinhos uma pendenga velha de mais de meio século. Desde o início do conflito, vasto contingente de mediadores tentou - e continua - em vão chamar os beligerantes à razão. É o caso hoje do chamado Quarteto de Madri. Ele reúne esforços dos Estados Unidos, Rússia, União Européia e a ONU. Não é nada, não é nada, é quase o mundo inteiro.
Se ao longo dos anos as negociações de paz trouxeram algum aprendizado, ele mostra que os avanços sempre aconteceram quando os protagonistas da disputa tomaram iniciativa própria. Sem o requisito básico, a fila nunca andou mísero milímetro. Não será diferente agora. O problema atual, só não vê quem não quer: israelenses não tem mínima confiança nos palestinos e vice versa. Não vamos perder tempo fazendo acordos para serem violados logo em seguida, pensam eles. Resultado: continuam medindo força.
“Y en eso llego Fidel”, canta compositor cubano Carlos Puebla na toada caribenha. E nisso chegou Lula, dizemos nós. O presidente brasileiro desembarcou em Israel com posição impar no trato com a demência do iraniano Mahmoud Ahmadinejad e aos anfitriões, apresentou recusa de visitar o túmulo de Theodor Herzl, fundador do sionismo político e inspirador do Estado Judaico de Israel.
O surpreendente candidato a mediador e destemido do ridículo recebeu troco imediato. Foi esnobado pela ausência do ministro das Relações Exteriores do país que o acolheu quando discursou no Knesset, o Congresso de Israel.
Passou a ouvir críticas de parlamentares assim que cedeu a tribuna. O presidente da casa chegou a comparar, nas entrelinhas, a cegueira de Lula na questão nuclear iraniana com um dos mais trágicos enganos da história. O acordo do ex-primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain com os nazistas. Falta de visão que desaguou na Segunda Guerra Mundial e no Holocausto, onde morreram mais de 6 milhões de judeus.
Está prevista uma homenagem a Arafat na agenda de Lula. Desta feita, o presidente irá colocar flores no túmulo do líder palestino. É só mais uma reverência de uma longa série ao legado de Yasser Arafat. O palestino era bem conhecido por não perder uma oportunidade de perder oportunidade. Em prol da ruptura da tradição da diplomacia brasileira, Lula não tem feito outra coisa.