A mulher que comanda a maior revolução urbanística do mundo ─ na qual 65 mil casas mal e mal concluídas viram 1 milhão e já caminham para 2 milhões ─, fez bonito:
Dilma Rousseff na abertura do 5º Fórum Urbano Mundial (ONU-Habitat), realizado no Rio, dissertou com grande clareza aos especialistas estrangeiros presentes as soluções brasileiras para o crescimento desordenado das grandes cidades. Ela inicia seu discurso de maneira triunfal:
“Para nós, do governo do presidente Lula, nós só concebemos…”
Há nós demais nessa proposta, mas ela vai desatá-los em seguida.
“Por isso, quando nós fizemos os nossos programas de investimento, dirigimos uma importância muito expressiva à questão da infraestrutura urbana e social”
Levou algum tempo para o tradutor perceber que a palavra “importância”, que Dilma repete pelo menos 20 vezes em cada discurso, nesse contexto significa soma em dinheiro.
“Nosso país, e eu acredito que todos esses países conviveram no século 20, foi o século da exclusão urbana, o século da segregação territorial”
Dilma apenas acredita, mas pode ter certeza: todos os países representados no Fórum conviveram no século 20 ─ porque nenhum deles foi extinto no século 20 ou nasceu no 21.
“Investimos algo em torno a 144 bilhões de dólares”
Esse “em torno a” deve ser a máquina onde o Lula perdeu o mindinho.
“Concordamos também com a senhora Ana de Baiúca de que nas cidades está uma parte expressiva da emissão de gases de efeito estufa e tamém (sic) de resíduos tóxicos”
Precisou a senhora Ana de Baiúca dizer isso para Dilma se convencer de que cidades produzem gases e resíduos tóxicos. Mas fica a dúvida: quem é Ana de Baiúca? No Google não tem.
“No que se refere aos gases de efeito estufa, nosso compromisso sistemático com o uso dos combustíveis renováveis, como forma de manutenção do nossos, dos nossos veículos leves no Brasil, basicamente do etanol, do uso preferencial nas nossas frotas tanto do uso do gás natural como também dos projetos que são aqueles que combinam eletricidade, o uso dos veículos elétricos com outras fontes de energia”
Ouvindo Dilma falar de energia, a gente compreende por que nossa matriz energética é tão límpida e clara.
“Acabou a ficção de que o mercado podia dar conta da construção de habitação pra população”
Se ela se chamasse Dilmão, seria uma rima mas nunca uma solução.