Por André Carvalho, em 20 de março de 2010.
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Deu bobeira
Queria iniciar a prosa teorizando sobre as oportunidades que a vida nos proporciona, mas nada de original me ocorreu, até porque, após três mil anos de filosofia e de uma enxurrada de livros de autoajuda ficou impossível dizer algo de novo.
Pronto, chega de sofismas! No fundo no fundo, o que desejo é discorrer sobre a chance perdida pelo Presidente da República, Sr. Inácio da Silva, apesar do seu decantado senso de oportunismo.
Como foi amplamente noticiado, o Banco Central do Brasil, para quem não sabe o dedo verde do PSDB no atual governo, colocará em circulação uma nova série de cédulas do valorizado Real. Os técnicos chamam isso de segunda família, o que me preocupa um pouco, pois, dizem os entendidos, as segundas famílias são responsáveis por remeter os homens à bancarrota, à falência.
Certo, vamos ao que importa!
Para compensar o fiasco do filme quase autobiográfico, Lula deveria exigir do Banco Central do Brasil a colocação de sua efígie em todas as cédulas da nova família, em substituição à da República, que aos pouquinhos se esvai vítima da soberania do cara e da sua corte.
Em seis notas seria possível compor a vida do Inácio. Na de dois reais, a representação do recém nascido no sertão pernambucano; na de cinco, a foto do jovem pendurado no pau de arara; nos dez reais, uma pintura retratando o líder sindical; na cédula de vinte, o candidato barbudo derrotado por quatro vezes e na de cinquenta, o presidente triunfante. Os bajuladores reservariam as notas de cem para um “fotoshop” decalcado sobre os traços de Matusalém, pois, acreditam eles, Lula jamais morrerá.
Você aí deve estar se perguntando pela crise de hipertensão que o derrubou há pouco tempo. Relaxe! O ministro da saúde, que já revogou por decreto a gripe suína, a dengue e a meningite, revogará, com aprovação da base aliada (Sarney, Collor, Renan, Jader, Genoíno), os parâmetros da pressão arterial estipulados pela Organização Mundial da Saúde. Nada de 12/8 ou 12/7! Isso é muito pouco para homens importantes como o Lula.
Simultaneamente, através de seus “geniais” ministros e assessores, o governo incluirá um novo artigo no III Plano Nacional de Direitos Humanos propondo que na futura república socialista brasileira o cidadão, desde que filiado ao PT, sobreviva com pressão arterial de/até 25 por 16. Não deixa de ser mais uma nova cota!
Por questão de coerência o Banco Central deveria substituir a fauna que ilustra o verso das atuais cédulas. Na segunda família cairiam bem: porco, camaleão, gambá, cobra, preguiça e, quem sabe, o mosquito da dengue, o famoso e sempre presente Aedes Aegypti.
Se Pedro Álvares Cabral, um português que descobriu a terrinha por acaso – como diz um amigo espanhol – foi imortalizado nas notas de mil, por que LILS, filho do Brasil e que redescobriu o país como nunca se fez na história, não pode ser imortalizado em todas as cédulas?
A oposição esclerosada dirá, amparada numa lei vigente desde outubro de 1977, que, enquanto vivo, ninguém pode receber tal distinção. Para Lula, esse negócio de lei não existe, é uma balela. Lei é um detalhe relativo, segundo o companheiro Albert Einstein que o presidente confunde com um antigo sindicalista alemão.
(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.

