segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Samuel Celestino e o "O destino ... "

Por Samuel Celestino, em seu BahiaNotícias
Sugestão de post de Luiz Darbra

O destino do DEM baiano
É muito curioso como se encaixam perfeitamente as declarações do governador Jaques Wagner (ver nota) sobre o fim da "Panelinha", e as declarações supostamente (ele pode dizer que nada disse sobre) do deputado ACM Neto feitas à "Veja".
 
Na verdade, existe um processo de dispersão das forças que outrora comandaram a Bahia da forma que bem desejaram. O que se observa depois de muito pouco tempo da morte do chefe, o senador ACM?
 
O DEM perde consistência visivelmente e o que permanece é o nome de Paulo Souto, duas vezes governador. O grupo, que em outros tempos batia continência e exercitava a política do "sim senhor, sim senhor" está em processo agônico.
 
 
Jaques Vagner
 
O que restou do grupo, na medida em que Imbassahy rompeu em primeiro, Otto Alencar está na chapa de Wagner e César Borges pode integrá-la - e isso deve acontecer - é simplesmente um fenômeno normal, quando existe um grupo cuja força está no núcleo, sem compartilhá-la.
 
Na medida em que o núcleo desaba, ou deixa a cena por qualquer motivo, estabelece-se a dispersão. Por que os prefeitos interioranos iriam permanecer agrupados, quando não há um líder, um comando, um projeto político definido? Simples questão de sobrevivência.
 
O próprio ACM Neto sente o resultado do tempo. Caiu como candidato a prefeito de Salvador, ficando fora do segundo turno. Não se pretende aqui vaticinar, mas a queda continuará porque ele, Neto, para mostrar força eleitoral, obteve para deputado federal 400 mil votos. Será que repetirá esta votação em outubro? Não creio.
 
 E se Paulo Souto não conseguir êxito, o que será do DEM baiano? Um partido menor, claro. O governador raciocinou de forma correta ao prever que dentro de quatro anos o carlismo será uma mera lembrança. Na verdade, já é uma página virada na história.
 
Assim caminha o processo político. Aconteceu com o juracysismo, com o lomantismo, com o vianismo, com o waldirismo (muito rápido) e agora com o carlismo.
 
O grupo comandava com punho de ferro a esmagadora maioria dos prefeitos e vereadores baianos, os Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios - o Tribunal de Justiça, a Assembleia Legislativa, a bancada federal da Bahia, os senadores, nomeava e demitia ministros, comandava empresários, dava-lhes ordens, dizia quem prestava e quem não prestava (na sua ótica), privilegiava amigos, combatia, destratava e procurava humilhar adversários ou quem não compartilhava com um pensamento marcadamente do atraso. Enfim, tudo isso acabou.
 
Há, verdadeiramente, uma debandada dos antigos integrantes. Outros negam que tenham sido seguidores. E os que permanecem? Reciclam-se, simplesmente porque esse é o processo dialético.
 
Wagner falou em quatro anos como tempo para ninguém lembrar do que passou. Menos. Já acabou. Vive-se o Baile da Ilha Fiscal. Cada um toma o seu caminho. Fica Paulo Souto, um homem sério, resistindo com a sua candidatura. Se tiver êxito, não muda nada porque o carlismo com ele ou sem ele não tem retorno.
 
Assim como Trujillo não é sequer lembrado na República Dominicana, para citar um tirano que marcou as Américas. O que resta na Bahia é uma força empresarial construída no período carlista. Mas, assim mesmo, distante do que já foi. Enfim, a página virou.