segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Especial: 20 anos da queda do Muro de Berlim

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* Este post foi publicado há exatamente dois anos - e também um ano - atrás, na comemoração dos 20 - e também e 21 - anos da queda do Muro de Berlim


Amanhã fará exatos 20 (21) anos do dia 09 de novembro de 1989. O dia que caiu o Muro de Berlim e, com ele, a fronteira que dividira a Alemanha durante 28 anos. Na mesma noite, milhares de cidadãos berlinenses correram para a fronteira com Berlim Ocidental.


Mapa do traçado do Muro de Berlim

Imagem de satélite de Berlim,
com a localização do Muro em amarelo

Memorial em homenagem as vítimas do muro em Berlim.
 Foto de 1982

Não havia nenhuma ordem oficial, mas mesmo assim, os soldados da fronteira abriram a passagem para o Oeste. Pessoas do Leste e do Oeste, que nunca se tinham visto antes, se abraçavam, choravam e festejavam espontaneamente a abertura do Muro. A Alemanha entrou numa onda de felicidade. Foi uma noite que deveria transformar o mundo.

Agora vejam um pouco do que foi o Muro de Berlim e sua Queda:




No dia 15 de agosto de 1961, o soldado alemão-oriental Conrad Schumann (foto abaixo) foi destacado para controlar a linha divisória na rua Bernauer, marcada por arames farpados, pois o Muro ainda não estava pronto.


Schumann viu chegar assim o seu momento de opção: jogou fora o fuzil e pulou sobre o arame farpado, passando para o lado ocidental. A cena foi presenciada – e fotografada – por jornalistas que acompanhavam o desenrolar dos acontecimentos em Berlim.


Nas semanas que se seguiram à construção do Muro de Berlim, a Guerra Fria atingiu um dos seus momentos mais dramáticos. A tensão entre os EUA e a União Soviética podia ser vista claramente no posto de controle da rua Friedrich, o chamado Checkpoint Charlie, no centro de Berlim: tanques americanos e soviéticos (foto abaixo) permaneceram durante dias, frente a frente, à espera de um comando de ação militar.


Partes do Muro de Berlim tinham o aspecto de uma verdadeira fortaleza: com pista para o transporte de soldados e guarita para controlar as ocorrências nos dois lados da linha divisória.


Além da muralha, uma 'terra de ninguém' com campo minado e cerca de arame farpado impedia o acesso ao Muro, no lado oriental.

No dia em que foi iniciada a divisão de Berlim, o domingo de 13 de agosto de 1961, e nos dias subsequentes registraram-se cenas dramáticas como a da foto abaixo.


Uma mulher tenta saltar da janela de uma casa do lado oriental para fugir para a parte ocidental de Berlim. Um policial tenta puxá-la de volta, enquanto berlinenses ocidentais procuram apoiá-la na fuga, que acaba obtendo êxito. Nas semanas seguintes, esta casa – como outras na linha fronteiriça – foi demolida, abrindo espaço para a construção do Muro.

Cenas espetaculares de fuga acompanharam o Muro de Berlim em toda a sua história. Algumas com final feliz, outras com um desfecho trágico. A primeira vítima fatal foi o jovem Peter Fechter, em 17 de agosto de 1962.



Atingido pelos disparos da guarda de fronteiras da RDA, Fechter agonizou durante 50 minutos na chamada 'terra de ninguém', falecendo pouco depois de ser recolhido pela polícia alemã oriental.

No final de 1963, um grupo reunido pelo ator Wolfgang Fuchs, do qual fazia parte o estudante Klaus-Michael von Keussler (foto abaixo), iniciou a construção de um túnel sob o Muro.


Durante dez meses foi escavado um subterrâneo de 145 metros de extensão, 80 centímetros de altura e numa profundidade de até 12 metros.

Nos dias 3 e 4 de outubro de 1964, um total de 57 pessoas conseguiu fugir da RDA, antes que a polícia descobrisse e fechasse o túnel, no dia seguinte.

Na noite de 16 para 17 de setembro de 1979, duas famílias da Alemanha Oriental lograram uma fuga sensacional.


Os casais Strelzik e Wetzel, com seus quatro filhos em idade entre dois e 15 anos, conseguiram cruzar a fronteira em direção à Alemanha Federal a bordo de um balão de ar quente, que eles próprios construíram às escondidas, durante meses de trabalho.

O balão pousou de madrugada em Naila, na Baviera, sem chamar a atenção dos guardas de fronteira.

Muitos outros não tiveram a mesma sorte. Pelo menos 136 pessoas foram mortas em incidentes que aconteceram entre 1961 e 1989 junto ao muro de Berlim. A maioria era de homens jovens, com idades entre 16 e 30 anos.

Noventa e nove delas foram mortas enquanto tentavam passar do lado oriental para o lado ocidental. Os dados são do Centro de Pesquisa de História Contemporânea de Potsdam.



posto de comando da fronteira

Assim como as fugas, houve também vítimas célebres dos guardas de fronteira. A primeira vítima fatal dos disparos de soldados da República Democrática Alemã chamava-se Günter Litfin, alvejado no dia 24 de agosto de 1961.


Outro caso de maior repercussão foi o de Peter Fechter, que tombou morto perto do Checkpoint Charlie no dia 17 de agosto de 1962, quando tentava ir para o lado ocidental a fim de procurar a irmã. Tinha 18 anos de idade.

Entre os mortos estão também oito guardas de fronteira da RDA, como Reinhold Huhn, assassinado também em 1962, no dia 18 de junho, por um Fluchthelfer (pessoas que ajudavam cidadãos do leste a atravessar a fronteira ilegalmente).


 Em fevereiro de 1989, nove meses antes da queda, o Muro de Berlim fazia sua última vítima fatal, um jovem de 20 anos chamado Chris Gueffroy, que tentou fugir acreditando na informação passada a ele por um soldado de que a ordem para atirar havia sido suspensa.



Não havia. A Schiessbefehl ou ordem de atirar  persistia. No começo dos anos de 1990, o soldado que atirou em Gueffroy foi condenado a três anos e meio de prisão.

Em 1997, o último politburo da antiga Alemanha Oriental teve que responder pela ordem de atirar. Egon Krenz, chefe de Estado da antiga RDA, foi condenado a seis anos e meio de detenção.




Esta determinação da cúpula do regime comunista da Alemanha Oriental rendeu processos judiciais que se arrastaram até o ano de 2004. Os chamados “processos de Schiessbefehl”, de responsabilização pelas mortes por disparos saídos dos fuzis dos guardas do muro, terminaram com 11 condenados à prisão e 35 absolvidos, entre militares e políticos da RDA.


Em outubro de 1964, foi posto um cartaz (esq.) no lado oriental de Berlim com os dizeres:

'Acordos sobre salvo-condutos
são melhores que provocações'.

Poucos dias depois, foi afixada (dir.) nas proximidades a resposta ocidental:

'O Muro continuará sendo uma provocação,
mesmo com salvo-condutos!'.


Em toda a sua extensão, o Muro de Berlim tornou-se uma plataforma de pichações no lado ocidental.



 Com lemas políticos ou meros desenhos, milhares de berlinenses e de turistas lançaram mão dos aerossóis para deixar uma mensagem colorida sobre o concreto.


 Inclusive a profecia que se vê na foto abaixo:

'Berlim ficará livre do Muro'.

Poucas semanas após as festividades comemorativas do 40º aniversário da República Democrática Alemã, o chefe de Estado e de partido Erich Honecker foi destituído de todas as suas funções.



A pressão dos protestos populares e as fugas em massa da RDA fizeram com que os comunistas mais jovens ainda tentassem salvar o regime, depondo a liderança conservadora. A rebelião palaciana não trouxe o efeito desejado: os protestos continuaram, culminando com a queda do Muro de Berlim.

A confusão histórica



Durante uma entrevista coletiva no dia 9 de novembro de 1989, o jornalista e membro do politburo do SEDPartido Socialista UnificadoGünter Schabowski, interpretou erroneamente um comunicado oficial do governo da Alemanha Oriental, anunciando a abertura das fronteiras entre as duas partes da Alemanha.

Poucas horas depois, a pressão popular fez com que a guarda de fronteiras da RDA abrisse o Muro de Berlim.


No dia 10 de novembro de 1989, berlinenses orientais e ocidentais confraternizaram-se com uma verdadeira dança sobre o Muro, que deixara de ser uma barreira desde a noite anterior.


Ao fundo, o Portão de Brandemburgo – o símbolo de Berlim. Com as fronteiras abertas, milhares de cidadãos alemães orientais viajaram imediatamente à parte ocidental da Alemanha, para fazer compras, visitar parentes e amigos ou simplesmente para satisfazer a curiosidade pessoal.


Depois do dia 9 de novembro de 1989 foi apenas uma questão de meses até que o Muro desaparecesse inteiramente da paisagem de Berlim. Ficaram famosos na época os chamados 'pica-paus' do Muro:




Berlinenses e turistas que, armados de martelo e cunha, arrancaram pedaços da muralha para guardar de lembrança. Por muito tempo, lojas de suvenires em Berlim ofereceram lascas de concreto com um duvidoso 'certificado de autenticidade'


Diante do Museu de Checkpoint Charlie e fantasiado de guarda de fronteira da RDA, o berlinense Wolfgang Kolditz carimba – com um carimbo postal original da Alemanha comunista – os cartões e lembranças comprados pelos turistas, dez anos após a queda do Muro.


Naquele local esteve o mais famoso posto de controle, conhecido em todo o mundo através de inúmeros filmes sobre espionagem e a Guerra Fria.

Hoje,


pouco resta da histórica muralha que separou dois Estados alemães por tanto tempo.

* Este post foi publicado há exatamenente um ano atrás, na comemoração dos 20 anos da queda do Muro de Berlim.

Fontes consultadas innerdeutsche / wikipedia / dw-world / opiniãoenotícia