quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Artigo de André Carvalho: Lula, eu e Marcelo.






Por André Carvalho (*)
btreina@yahoo.com.br






Lula, eu e Marcelo
É claro que o Presidente Lula não gosta de mim. Não sei o porquê dessa sua implicância, eu que sou um pacato cidadão, cumpridor dos meus deveres, e mais importante do que isso, um pagador de impostos, tão necessário no país das bolsas. Vira e mexe e LILS derrama sobre mim sua ira deixando-me por demais assustado, pois com ira de presidente barbudo e rouco ninguém pode. É pior do que “trabalho” de encruzilhada com duas galinhas “enfarofadas”.

Há pouco tempo o presidente me tachou de imbecil e ignorante por haver reprovado o “esquemão” do bolsa família, programa social usurpado do governo FHC, com o qual o atual governo vem roubando a paciência de uma camada da população, na qual me incluo.

Agora vem o cara, de novo, esbravejando contra aqueles, eu inclusive, que acreditam em vultosas roubalheiras nas obras da olimpíada carioca. Na idéia dele, quem pensa assim, pensa num Brasil pequeno. Seguindo a lógica presidencial, o que não é de bom alvitre, meu Brasil é minúsculo, quase invisível!

Somente os desprovidos de senso ou memória, ou as duas coisas juntas, são capazes de achar que empresários, políticos, atravessadores, lobistas e partidos não vão “maracutaiar” sobre as obras e gastos da RIO2016.

 Os preparativos começaram este ano e vão até o ano olímpico. São 20 bilhões de reais no barato, que, por certo, duplicarão ao longo dos próximos sete, oito anos. É muito tempo e muito dinheiro para passar despercebido da turma...

Não sou contrário à realização da olimpíada no Rio de Janeiro. Tanto quanto os cariocas e demais brasileiros estou em festa, em regozijo. Ontem mesmo, aqui na avenida onde moro, em Salvador, começou uma buzinação e um engarrafamento arretado como só se vê nas celebrações ufanistas. Não tive dúvidas. Desci nove andares, peguei meu carro e sai a buzinar freneticamente comemorando o grande feito político, esportivo e financeiro alcançado por Lula e, de lambuja, pelo Brasil.

Depois de vinte minutos de buzina a pleno toque e meia carga perdida da bateria do carro é que descobri que a razão de tanto fuzuê era a saída de Marcelo da maternidade do Hospital Português, que fica no final da avenida. Foi um erro de avaliação, fruto do meu patriotismo e da minha incrível emoção pela conquista dos jogos.

Lula disse que o povo deve fiscalizar os gastos do evento, mas não disse como. Talvez usando as técnicas do MST. O povo se reúne sem se organizar juridicamente e sai invadindo os escritórios dos engenheiros, do comitê organizador, das empreiteiras e do Tribunal de Contas da União arrancando chumaços de documentos e auditando cada centavo gasto. Simples e eficaz.

Ia-me esquecendo do Marcelo. Trata-se do primeiro filho da Ivete Sangalo e como todo baiano, mais especificamente os soteropolitanos, não nasceu, estreou. Durante a semana, da minha janela, escutava os gritos da multidão acotovelada na porta da maternidade a cada estrela que despontava no pedaço como reis magos a visitar o menino. Marcelo é a Sasha do século XXI.

Ouro, incenso e mirra! No mundo moderno coisa para muito poucos.

Sangalo me remete ao axé, que me remete à Daniela Mercury, que me faz lembrar da abertura dos jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro. De lá, dos jogos, furtaram uma barbaridade de dinheiro e ainda vaiaram meu carrasco, o Lula.

Nem tudo é em vão!




(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.