Por André Carvalho (*)
btreina@yahoo.com.br
Eu, o imbecil ignorante
Acabo de atualizar meu “curriculum vitae” e o fiz por duas razões distintas, porém, encadeadas. A primeira, porque estou voltando ao contingente de desempregados e, por conseqüência, preciso distribuir currículo por toda parte. A outra, atende aos ditames do Presidente Lula segundo o qual, os contrários ao Programa Bolsa Família são imbecis e ignorantes (sic). Isso foi dito alto e bom som, no último dia de julho, na cerimônia de formatura de turmas do Plano Setorial de Qualificação e Inserção Profissional, em Belo Horizonte.
Como sou contrário ao “esquema” nos moldes em que é concedido e utilizado, o que me imputa ignorância e imbecilidade, não devo, por questão de ética, omitir a informação. Se o fizer, estarei incorrendo no crime de falsidade ideológica ou, no mínimo, de omissão.
No cabeçalho do currículo, abaixo do nome e da data de nascimento e bem ao lado da nacionalidade, inseri as novas qualificações – imbecil e ignorante – as quais só perderei quando o PT deixar o governo federal. Estou feliz por me identificar melhor dentre tantos milhões de brasileiros. Somos poucos os imbecis ignorantes. Somos também quietos e até submissos. Não somos, todavia, arrogantes.
As razões pelas quais sou contrário ao programa são as mesmas das demais pessoas que assim se colocam. Da mesma forma, todos aqueles que são a favor, o são, pelas mesmas razões. O Brasil está assim, dividido: contra e a favor, e em qualquer aspecto, não somente na questão do Bolsa Família. Este é o favor que nos fez o sapiente Luiz Inácio ao se colocar como Presidente dos seus e não mandatário de todos. Lembro aos menos avisados, aos patrulheiros ideológicos e aos puxa sacos em geral, que sapiente não é derivativo de sapo, como o tratava o falecido Brizola, e sim, sinônimo de sábio.
O governo Lula invoca o Bolsa Família como dádiva sua e não como uma adaptação expandida dos programas sociais criados no governo FHC. Faz disso uma fonte de votos, capaz de angariar mais ou menos oito milhões deles, os quais, num segundo turno plebiscitário, representam diferença de, no mínimo, 15 milhões de sufrágios. Assim, dona Dilma não volta para casa.
Em recente conversa com um grande amigo de infância, “imbecil e ignorante” como eu, porém, uma das minhas referências intelectuais, ouvi a mais brilhante proposta para a relação Cidadão/Bolsa Família/Estado. A idéia é simples como respirar: o beneficiário do programa, enquanto assim se mantiver, perde o direito ao voto, devolve o título de eleitor ao Tribunal Eleitoral. Fantástico!!!
Imagina se a regra servisse, não só para os bolsistas do programa, mas para todos aqueles que, de alguma forma, se beneficiam da relação política partidária e das benesses de governos! Exemplo: Todos os investidos em cargos de confiança e todos os terceirizados? Vamos além na utopia: que tal retirar o direito de voto dos filiados aos partidos políticos deixando o voto para a sociedade efetivamente “civil”? A regra é equânime a todos: partidos, candidatos e cidadãos, em qualquer nível de poder. Se a isto juntarmos a não obrigatoriedade do voto, construiremos, neste universo, a plena democracia.
Quem sabe assim, por decreto, a ética e a honestidade voltem a rondar, mesmo que preliminarmente, o estropiado Brasil?
(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.
Acabo de atualizar meu “curriculum vitae” e o fiz por duas razões distintas, porém, encadeadas. A primeira, porque estou voltando ao contingente de desempregados e, por conseqüência, preciso distribuir currículo por toda parte. A outra, atende aos ditames do Presidente Lula segundo o qual, os contrários ao Programa Bolsa Família são imbecis e ignorantes (sic). Isso foi dito alto e bom som, no último dia de julho, na cerimônia de formatura de turmas do Plano Setorial de Qualificação e Inserção Profissional, em Belo Horizonte.
Como sou contrário ao “esquema” nos moldes em que é concedido e utilizado, o que me imputa ignorância e imbecilidade, não devo, por questão de ética, omitir a informação. Se o fizer, estarei incorrendo no crime de falsidade ideológica ou, no mínimo, de omissão.
No cabeçalho do currículo, abaixo do nome e da data de nascimento e bem ao lado da nacionalidade, inseri as novas qualificações – imbecil e ignorante – as quais só perderei quando o PT deixar o governo federal. Estou feliz por me identificar melhor dentre tantos milhões de brasileiros. Somos poucos os imbecis ignorantes. Somos também quietos e até submissos. Não somos, todavia, arrogantes.
As razões pelas quais sou contrário ao programa são as mesmas das demais pessoas que assim se colocam. Da mesma forma, todos aqueles que são a favor, o são, pelas mesmas razões. O Brasil está assim, dividido: contra e a favor, e em qualquer aspecto, não somente na questão do Bolsa Família. Este é o favor que nos fez o sapiente Luiz Inácio ao se colocar como Presidente dos seus e não mandatário de todos. Lembro aos menos avisados, aos patrulheiros ideológicos e aos puxa sacos em geral, que sapiente não é derivativo de sapo, como o tratava o falecido Brizola, e sim, sinônimo de sábio.
O governo Lula invoca o Bolsa Família como dádiva sua e não como uma adaptação expandida dos programas sociais criados no governo FHC. Faz disso uma fonte de votos, capaz de angariar mais ou menos oito milhões deles, os quais, num segundo turno plebiscitário, representam diferença de, no mínimo, 15 milhões de sufrágios. Assim, dona Dilma não volta para casa.
Em recente conversa com um grande amigo de infância, “imbecil e ignorante” como eu, porém, uma das minhas referências intelectuais, ouvi a mais brilhante proposta para a relação Cidadão/Bolsa Família/Estado. A idéia é simples como respirar: o beneficiário do programa, enquanto assim se mantiver, perde o direito ao voto, devolve o título de eleitor ao Tribunal Eleitoral. Fantástico!!!
Imagina se a regra servisse, não só para os bolsistas do programa, mas para todos aqueles que, de alguma forma, se beneficiam da relação política partidária e das benesses de governos! Exemplo: Todos os investidos em cargos de confiança e todos os terceirizados? Vamos além na utopia: que tal retirar o direito de voto dos filiados aos partidos políticos deixando o voto para a sociedade efetivamente “civil”? A regra é equânime a todos: partidos, candidatos e cidadãos, em qualquer nível de poder. Se a isto juntarmos a não obrigatoriedade do voto, construiremos, neste universo, a plena democracia.
Quem sabe assim, por decreto, a ética e a honestidade voltem a rondar, mesmo que preliminarmente, o estropiado Brasil?
(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.