Caixa Oca
Após trinta dias de silêncio, cumpridos em respeito à dor dos parentes e em homenagem às vítimas do acidente com o Airbus 330 da Air France, algumas considerações pululam nas veias.
Acidentes de avião jamais lideraram as listas de “causa mortis” no Brasil ou no mundo, quer consideremos este século, ou o passado. Todavia, pela carga catastrófica que apresentam, além da espaçada periodicidade com que ocorrem, mexem com a emoção das pessoas, principalmente por conta do sensacionalismo que a cobertura da imprensa lhes empresta.
Nestas horas, surgem políticos com ares pesarosos e discursos confortantes, fazendo o papel de carpideiras de féretros coletivos, disputando a visibilidade premiada da imprensa que alimenta o marketing pessoal e arregimenta votos ignorantes.
No caso em tela, nossos homens públicos, ágeis, para não dizer afoitos, se anteciparam aos franceses, construtores do avião e donos da companhia operadora e assumiram as telas das TVs e as páginas dos jornais com declarações pra lá de empenadas. Pareciam acreditar que horas de vôo significavam conhecimento de causa. É o caso do Ministro da Defesa, que disparou análises técnicas sobre o acidente e as buscas, muitas desmentidas, aos pouquinhos, por fatos não confirmados, por subalternos responsáveis e por especialistas em aviação. Para nossa alegria o ministro ficou logo “invisível” e, em seguida, enfermo, saindo do ar após tantas bobagens.
Com Jobim desaparecido entrou em cena o Presidente: referindo-se à caixa preta da aeronave acidentada Lula vociferou que “um país que acha petróleo a seis mil metros de profundidade pode achar um avião a dois mil". A ideia é de uma profundidade impressionante. Como podemos perceber a relação de causa e efeito presidencial beira o grotesco.
Em seguida, declarou que o governo brasileiro fará “o possível e o impossível para localizar os destroços do Airbus”. Alguém precisa dizer ao presidente ser impossível fazer o impossível. O que funciona mesmo é fazer, competentemente, o possível, coisa que o governo LILS jamais conseguiu. Questão de habilidade! Ainda na linha de dizer o que lhe “dá na telha” afirmou: "o melhor que poderia acontecer é que se consiga chegar lá para que se possa entregar as pessoas às famílias”. Esclarecendo: Lula tentava falar do resgate dos corpos das vítimas do acidente.
Num futuro próximo, o mundo renderá homenagens ao Lula pela contribuição prestada à humanidade com o estabelecimento de uma nova lógica, que designo por “caleidoscópica”, onde, em lugar do matemático “se somente se”, temos “se então qualquer coisa”. Lula é o maior camundongo desse laboratório chamado universo. Acredito, inclusive, que nosso líder tem mais que os dois hemisférios cerebrais que premiam os demais seres humanos. O cara parece ter 10 ou 12 hemisférios. Aos pedacinhos é verdade, brigados entre si certamente, oligofrênicos é claro. Estou brincando, amigos!!!
Em tempo: um dos três mil quatrocentos e trinta e um servidores lotados na Presidência da Republica deve informar ao “caixa oca” que a caixa preta normalmente é amarela. Evitaremos assim mais uma “gafe federal e internacional”, mesmo que colorida.
(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.
