Dentre os saborosos textos que André Carvalho enviou-me durante o recesso do Pilórdia, escolhi este que trata do "caso das passagens aéreas" que continua bastante atual já que as medidas tomadas pelos ´nobres´ parlamentares não satisfez a nós eleitores, ou pelo menos não a mim.
Ocupado pela décima vez
Pombas! Um dos telefones do gabinete continua ocupado, o outro ninguém atende, não sei o celular, muito menos o telefone de casa e, enquanto isso, o cerco se fecha, eis que meu prazo vai chegando ao final.
É sempre assim! Quando o elemento era candidato a deputado federal vivia ligando para o celular e para minha casa, pedindo meu voto, o da família e dos amigos. Agora, que preciso de uma passagem ida e volta a Gramado, bem ali no Rio Grande do Sul, para participar do 1º Seminário de Sabedoria sem Ética, não consigo falar com o desgramado. Desculpe: o tema do encontro é “Ética e Sabedoria”.
Tanto faz, eis que a ordem dos fatores não altera o produto. Ou altera? Alguém aqui ao meu lado diz que altera. Será? No Parlamento brasileiro a ordem pouco importa, o que importa é a quantidade do produto. Quanto mais, melhor. Esse é o mote. Não deixa de ser sabedoria, no sentido de sabido, esperto, manhoso, trapaceiro, trambiqueiro.
Quanto à ética, esta fica para o Conselho do mesmo nome.
Curioso que os nobres parlamentares não puseram o nome de “Comissão de Ética” e sim Conselho de Ética. É uma incongruência porque deputado e senador jamais aceitam conselhos. Nem mesmo de suas próprias mães, acredito eu, posto que isso fica claro no comportamento que apresentam, por todo o quanto, e no dia-a-dia. Todavia, em se tratando de comissão a aceitação é outra...
Estou batalhando as passagens porque ninguém é de ferro. Sei que não tenho as pernas da Adriana Galisteu nem a beleza de Samara Felippo, nem o esquema tático do time de futebol do Ceará Sporting Club, nem mesmo sou irmão, cunhado, sogro ou tio de qualquer deputado, nem mesmo amante de deputada (tem umas duas que valem a pena). Mas, como a farra está estabelecida, pungente, e brasileiro tem que levar vantagem...
Até o “insuspeito” presidente Lula, o mais ético dos éticos seres viventes, vividos ou por viver, usou, quando deputado, passagens “congressuais” para levar a turma do sindicato à Brasília, certamente para encetar alguma manifestação contra o governo da vez.
Por estas e outras, acredito ter direito a participar do “esquemão” visto que pago imposto há mais de trinta e cinco anos de emancipação e atividade produtiva, sem jamais enfiar o dedo mindinho no torno, para viver na mamata!!! Se quiserem, aposto que minha relação custo/benéfico com o Estado brasileiro é mais superavitária, ao Estado, do que a de qualquer figurão do Parlamento seja ele do baixo, médio ou do alto clero.
Curioso também como “clero” virou designação de “status” intramuros dos deputados e senadores, e não somente, a corporação dos sacerdotes. No Congresso que aí está não devia ser clero e sim “quero”. Quero mais propina, quero mais comissão, quero mais passagens, quero mais vantagens, quero mais impunidade, quero mais eleitores desinformados.
E o aparelho continua ocupado! Enquanto espero lembro da música “Telefone” de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, composta nos idos de sessenta; “tuén, tuén, ocupado pela décima vez, tuén telefono e não consigo falar, tuén, tuén, estou ouvindo há muito mais de um mês”...
Paciência, vou esperar e falar nas próximas eleições.
Pombas! Um dos telefones do gabinete continua ocupado, o outro ninguém atende, não sei o celular, muito menos o telefone de casa e, enquanto isso, o cerco se fecha, eis que meu prazo vai chegando ao final.
É sempre assim! Quando o elemento era candidato a deputado federal vivia ligando para o celular e para minha casa, pedindo meu voto, o da família e dos amigos. Agora, que preciso de uma passagem ida e volta a Gramado, bem ali no Rio Grande do Sul, para participar do 1º Seminário de Sabedoria sem Ética, não consigo falar com o desgramado. Desculpe: o tema do encontro é “Ética e Sabedoria”.
Tanto faz, eis que a ordem dos fatores não altera o produto. Ou altera? Alguém aqui ao meu lado diz que altera. Será? No Parlamento brasileiro a ordem pouco importa, o que importa é a quantidade do produto. Quanto mais, melhor. Esse é o mote. Não deixa de ser sabedoria, no sentido de sabido, esperto, manhoso, trapaceiro, trambiqueiro.
Quanto à ética, esta fica para o Conselho do mesmo nome.
Curioso que os nobres parlamentares não puseram o nome de “Comissão de Ética” e sim Conselho de Ética. É uma incongruência porque deputado e senador jamais aceitam conselhos. Nem mesmo de suas próprias mães, acredito eu, posto que isso fica claro no comportamento que apresentam, por todo o quanto, e no dia-a-dia. Todavia, em se tratando de comissão a aceitação é outra...
Estou batalhando as passagens porque ninguém é de ferro. Sei que não tenho as pernas da Adriana Galisteu nem a beleza de Samara Felippo, nem o esquema tático do time de futebol do Ceará Sporting Club, nem mesmo sou irmão, cunhado, sogro ou tio de qualquer deputado, nem mesmo amante de deputada (tem umas duas que valem a pena). Mas, como a farra está estabelecida, pungente, e brasileiro tem que levar vantagem...
Até o “insuspeito” presidente Lula, o mais ético dos éticos seres viventes, vividos ou por viver, usou, quando deputado, passagens “congressuais” para levar a turma do sindicato à Brasília, certamente para encetar alguma manifestação contra o governo da vez.
Por estas e outras, acredito ter direito a participar do “esquemão” visto que pago imposto há mais de trinta e cinco anos de emancipação e atividade produtiva, sem jamais enfiar o dedo mindinho no torno, para viver na mamata!!! Se quiserem, aposto que minha relação custo/benéfico com o Estado brasileiro é mais superavitária, ao Estado, do que a de qualquer figurão do Parlamento seja ele do baixo, médio ou do alto clero.
Curioso também como “clero” virou designação de “status” intramuros dos deputados e senadores, e não somente, a corporação dos sacerdotes. No Congresso que aí está não devia ser clero e sim “quero”. Quero mais propina, quero mais comissão, quero mais passagens, quero mais vantagens, quero mais impunidade, quero mais eleitores desinformados.
E o aparelho continua ocupado! Enquanto espero lembro da música “Telefone” de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, composta nos idos de sessenta; “tuén, tuén, ocupado pela décima vez, tuén telefono e não consigo falar, tuén, tuén, estou ouvindo há muito mais de um mês”...
Paciência, vou esperar e falar nas próximas eleições.
(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.