segunda-feira, 29 de junho de 2009

Artigo > André Carvalho






Por André Carvalho (*)



Sarna Sarney II
Estou convencido que vivemos uma anarquia institucional nunca antes experimentada na “história desse país”. Os atos secretos emanados pelo Senado Federal, se consideradas as circunstâncias, a época e a motivação, superam, em boçalidade, atos semelhantes perpetrados pela ditadura militar, objeto de chiliques da esquerda brasileira.

No cio político que acasala antigos desafetos de espécies diversas, declarações irracionais fazem a alegria de quem, como eu, observa a cena política como a um zoológico e os políticos como seus habitantes.

Sarney sente-se injustiçado e diz que a crise não é dele, e sim do Senado Federal. Para Lula, o Sarney tem história e, portanto, é um cidadão incomum, daí não poder ser inquirido, menos ainda julgado. Macacos me mordam!

Reconheço que a comparação com o zoológico e seus animais beira a ingenuidade. Sobram as hienas!!!

O enredo político, composto por interesses escusos, dinheiro e muita, muita intriga, guarda ampla semelhança com a máfia. Agora então, que surgiu um mordomo, a semelhança virou igualdade. O bigode do “capo” comprova esteticamente (a estética também comporta o ridículo) aquilo que os fatos corroboram: É uma máfia.

A frondosa árvore genealógica da família, que começou como um arbustozinho sem expressão em terra de cactos, domina a paisagem do nepotismo e da política do favorecimento, do toma lá dá cá, impondo uma fidelidade de “sangue” àqueles que se associaram em quadrilha e fizeram disso seu esquema de vida e ganha pão, como na máfia.

A sagacidade dessa família, mais que sua própria saga, merece um filme dirigido por Francis Ford Coppola. “Poderoso Maranhense” seria um título razoável, tanto quanto “The Best Father” cairia bem numa futura película sobre Lula, o “capo dos capos”.

Poder, dinheiro, família, territoriedade, desfaçatez, corporativismo e mordomia ilustram o portfólio do poderoso chefão. Ainda não se tem um cadáver e creio que não haverá. Mortos vivos, entretanto, são muitos, a começar por políticos que ousaram contestar seu poder, passando por todos aqueles que se arrebentaram debaixo de uma inflação de mais de 50% ao mês, marca registrada de seu governo, chegando, por fim, aos leitores de seus romances.

Na Itália, berço do esquema, os mafiosos sofrem intenso combate da Polícia e da Justiça. Nos Estados Unidos da América não é diferente desde muitas décadas. No Brasil a Polícia tem mais o que fazer e a Justiça não tem porquê fazer. Impune, a família maranhense virou uma escabiose incurável, uma sarna pública que ataca impiedosa e uma pereba moral que se alastra por companheiros, correligionários e pares.

Sarna Sarney há que ribombar para longe da sua existência, em prol da vida dos demais brasileiros.


(*) André Carvalho não é jornalista, é "apenas" um cidadão que observa as coisas do dia-a-dia. Um free lancer. Ou segundo sua própria definição: um escrevinhador. Seus sempre saborosos textos circulam pela web via e-mails.