
Escrito por Antonio Luis Almada (*), especialmente para este blog..
Abaixo a indignação!
Desde que aposentei meu título de eleitor tive duas recaídas de esperança: no discurso de despedida do ex-senador Jefferon Peres e na entrevista que o senador Jarbas Vasconcelos acaba de conceder às páginas amarelas de Veja.
Tanto faz PMDB quanto qualquer outro partido, a entrevista foi uma espécie de carta-circular, com o agravante de que o PMDB atual representa uma traição cretina ao velho MDB que o senador ajudou a criar como principal peça de resistência no tabuleiro político armado pela ditadura militar.
Quando peso a estatura dos que hoje comandam a principal casa política do país, que é o Congresso Nacional, e quando ouço as bobagens infantis de nosso Presidente, e mais, quando admito a possibilidade de eleição de Dona Dilma, jogo a toalha e aposento também meu poder de indignar-me, porque aos 60 já não é aconselhável submeter o próprio coração a artilharia tão pesada.
Tive duas grandes esperanças como cidadão-eleitor brasileiro: na eleição de Tancredo Neves, que ruiu sob implacável circunstância, e na primeira eleição de Lula.
Hoje, já admito que vai ficar para meus filhos, ou netos, ver a esperança concretizar-se na figura de um Presidente que limpe toda essa sujeira da vida pública e se porte e administre realmente como um estadista. Em suma, que mereça um país tão encantador e promissor como é o Brasil.
Inútil, a essa altura, enumerar a ficha-corrida de cada um, porque a corrupção já se institucionalizou na vida pública nacional.
E por falar em Brasil, a Folha On-line acaba de publicar que os bancos aqui instalados registraram, de 2007 para cá, o maior lucro de todos os tempos.
O Santander, cujo presidente também preside a Febraban, registrou o maior lucro entre todas as filiais espalhadas por meio mundo. "Só espero que não me chamem de sacana", disse o prócer da Febraban ao rebater uma entrevista dura do presidente da Fiesp contra o maquiavelismo dos banqueiros.
Contra 44% de crescimento dos bancos, as empresas privadas, que realmente produzem para o país, tiveram um crescimento de apenas 9%.
Vou me indignar com isso? Claro que não! Mesmo sabendo que os banqueiros enriquecem sem produzir sequer um biscoito, qualquer financista esperto e pilantra faria o mesmo, porque é o país que permite e estimula essa ladroagem. Quem é o sacana, então, nessa história?
(*) Antonio Luis Almada é jornalista baiano.