terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Desconstruindo Lula e o "naquilo lá".


Por André Carvalho (*)

btreina@yahoo.com.br

Fim de festa
O ano não terminaria “glorioso” apenas com o brasileiríssimo “sifu”. Necessário algo mais global para encerrar, com chave de ouro, um período de grandes asnices. Então lá vai: “O que está provado é que a ONU não tem coragem de tomar uma decisão de colocar a paz naquilo lá” disse Lula, ao comentar os recentes acontecimentos na Faixa de Gaza, mais uma vez incendiada pela incrível insensatez de homens e mulheres.

O que está provado é que nosso presidente conhece pouco do funcionamento e poder da ONU, mesmo tentando, a qualquer custo, incluir o Brasil dentre os membros permanentes do seu Conselho de Segurança. Trata-se de mais uma bravata, que a nada conduz, exceto elevar, nas camadas culturalmente menos favorecidas – e elas são a maioria da população – o sentimento de que há governo e governante. Aos despossuídos de informação e discernimento a fala de Inácio da Silva soa como sermão de Antônio Conselheiro. Arregimenta, não pela precisão do conteúdo, mas pela desqualificação do receptor.

O conceito de coragem é personalíssimo e alguns homens jamais teriam, por exemplo, a ousadia de concorrer a um mesmo cargo eletivo, quatro ou cinco vezes, derrota após derrota, até ser eleito por “fadiga do material”, eleitores e candidatos incluídos. O Inácio teve!!! Quem sabe, por excesso de intrepidez reclame a presença da coragem num organismo multilateral como a ONU.

Comenta-se que, por falta de preparo intelectual, Lula decide intuitivamente, pouco considerando as consequências de suas resoluções. Isso fica evidente em suas falas, sementes de mau gosto e indelicadeza, plantadas em solo fértil da ignorância popular, donde serão colhidos os frutos do Brasil vindouro. Tomar decisões acertadas requer sabedoria, não somente intuição como pensa nosso presidente. É possível que, assumindo o papel de líder máximo da humanidade, Inácio queira, com firmeza, enviar nossa seleção de futebol para promover a paz na região, a exemplo do que fez, sem êxito, no Haiti conflagrado.

Beira o pitoresco ouvir de um petista ferrenho, referências desairosas à ONU por não conseguir estabelecer a paz na Palestina, enquanto seu partido, mesmo ideologicamente uno e corporativista, vive às turras entre facções internas, inclusive com suspeitas, não comprovadas, de homicídios de correligionários – casos Celso Daniel e Toninho do PT, ex prefeitos de Santo André e Campinas, respectivamente.

Contudo, referir-se àquela região usando a expressão “naquilo lá” é, no mínimo, grosseiro para com seus habitantes, assim como para a comunidade internacional. Do ocidente católico ao oriente médio mulçumano há que se ter respeito por tradições e crenças. “Naquilo lá” significa três mil anos de história, o berço de três religiões, o solo de várias nações, uma cidade sagrada para milhões de seres humanos, e o sentido da vida para outras tantas pessoas. “Naquilo lá” irriga-se um deserto para produzir alimentos, enquanto nós, “nisso aqui”, distribuímos bolsas/cotas para encobrir o conflito social em que vivemos e morremos.

Respeito é bom! palestinos e judeus o querem!
(*) André Carvalho é articulista free-lancer. Escreve para o jornal A Tarde/BA e para este blog.