segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O Brasil vai a guerra?


Por Carlos Brickmann, em sua coluna

"Brasil já vai à Guerra"
O sucesso de Juca Chaves já tem quase 50 anos, mas se repete periodicamente. De lá para cá, já compramos uma tremenda sucata da Marinha francesa, o porta-aviões Foch, produzido há meio século, que em vez de ir para o ferro-velho veio para o Brasil. E, equipado com caças Skyhawk, que pararam de ser fabricados há 30 anos, transformou-se no São Paulo.
E agora, com a negociação do sugestivo número de 51 helicópteros, mais quatro submarinos, mais a tecnologia para acelerar a construção pela Marinha de um submarino nuclear, tudo acertado com o presidente francês Sarkozy, as coisas irão mudar?
Depende: não há verbas previstas no Orçamento militar do ano que vem.
Os atuais navios e aviões da Marinha brasileira, pela falta de recursos para peças, combustíveis e munições, não podem se movimentar muito. As verbas militares são pequenas, pouco superiores ao necessário para pagar o pessoal. E o acordo com a França prevê o gasto de €$ 8,6 bilhões.
Detalhe importante: não basta construir os helicópteros e submarinos, nem equipá-los convenientemente. É essencial ter recursos para treinar os pilotos, manter o equipamento em atividade, gastar mísseis em exercícios de tiro.
Tudo aponta para mais um factóide – uma história bonita, mas que não se torna real por falta de dinheiro. Talvez seja melhor assim: há 50 anos, nos tempos do “Brasil já vai à guerra”, o sucesso de Juca Chaves, o Brasil gastou 82 bilhões de cruzeiros. Hoje seriam uns 13 bilhões de dólares, só para começar a conversa.


Marolona

Gente de fora do Governo, mas próxima ao presidente Lula, está convencida de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, venceu a batalha: se não há sentido em fazer conviver juros altos e uma política frouxa de gastos oficiais, que se mantenha alta a despesa do Governo e caiam os juros – o que, na opinião de Lula, que coincide com a de Mantega, é essencial para combater a crise econômica.
Em princípio, isso significa que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, será pressionado para baixar – substancialmente, rapidamente – os juros, e tendo seu cargo em jogo.
Na prática, pode ser diferente: Lula já esteve irritado com Meirelles, mas acabou considerando que mantê-lo a seu lado é melhor do que perdê-lo. Sua saída pode ser mal interpretada nos mercados mundiais.