quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Uma leitura do momento político atual

por Gaudêncio Torquato. Transcrito do Porandubas
'A procura do rumo
O PT fez um balanço e concluiu : a cada pleito, afasta-se mais da classe média dos grandes centros urbanos. De partido essencialmente urbano, o PT começa a ganhar contornos de sigla ancorada no conservadorismo dos fundões do país. Perde espaço nas grandes capitais do Sudeste e do Sul.
Por quê ? Porque o PT considera-se um ente superior a tudo e a todos, pairando acima dos mortais. E, na hora do "vamos ver", os mortais distinguem uma sigla tão atolada na lama da descrença como outros partidos. E os mortais das classes médias, que não se refugiam nos abrigos das Bolsas Família, correm do PT como o diabo foge da cruz. Essa descoberta assusta o partido, mobilizando sua cúpula a procurar um novo rumo.
Botando o carro na rua
O governador José Serra começa a botar o carro na rua. Sábado passado, circulou faceiro entre os 1.200 convidados ao casamento da filha do senador Tasso Jereissati, em Fortaleza. Na bela mansão, na praia do Futuro, deixando de lado o comportamento arredio, Serra cumprimentava um e outro, ganhando de alguns o mais que antecipado título de "presidente".
O governador paulista fez um tento ao aceitar o convite de Tasso, que, segundo se sabe, não lhe é muito simpático. E Aécio Neves, mais ligado a Tasso, cometeu o desatino de não comparecer ao evento, sob a desculpa de "outro casamento". Um a zero para Serra.
A estocada de Neves
Ao criticar o governo Lula por "colocar a ética abaixo do tapete", o governador Aécio Neves tentou estabelecer uma primeira divisória entre ele e o petismo. Aécio quer aparecer também como candidato de oposição. Pois até o momento, sua imagem é a de amigo de Lula, podendo até vir a ser candidato de um partido da base governista, no caso o PMDB, apoiado pelo presidente.
Com sua ácida crítica, Neves quis exibir um chega-prá-lá. Percebeu que José Serra ganha terreno com o perfil de oposicionista. Ocorre que o PT mineiro já o chama de "traidor", por ter forçado a aliança "informal" com o partido em torno do vitorioso Márcio Lacerda, do PSB. Aécio Neves está à procura de um eixo.