Chegou a hora de liquidar os feridos
Nas guerras do Sul da América, havia um tipo especial de guerreiro que acompanhava as tropas: os degoladores. Sua função era circular pelo campo de batalha após os combates e degolar os feridos.
A imprensa também tem disso: terminadas as eleições, aparecem os degoladores, que não se manifestaram durante a campanha e, definidos os perdedores, trituram as estratégias que, é óbvio, dizem, não poderiam dar certo. Em seguida, vêm os louvores à estratégia dos vitoriosos que, é óbvio, dizem, foi genial e tinha de dar certo.
É um belo subproduto da profissão: os profetas do passado. Se a estratégia de um candidato estivesse tão claramente errada, não seria difícil analisá-la durante a campanha, prevendo que não poderia dar certo. Mas aí a coisa é mais complexa: envolve a exposição do raciocínio do analista.
E se o candidato da estratégia errada, por pura e simples vontade de contrariar o óbvio, dá de ganhar a eleição? Já aconteceu e não foi uma vez só.
Jaques Wagner ganhou o Governo baiano no primeiro turno, quando toda a expectativa era de que, se chegasse ao segundo turno (onde certamente perderia), já teria cumprido seu papel.
Yeda Crusius, que nem iria para o segundo turno, é a governadora do Rio Grande do Sul.
Luizianne Lins, rejeitada até por seu próprio partido e abandonada à própria sorte, derrotou o favoritíssimo Inácio Arruda em Fortaleza.
Às vezes, o fenômeno acontece em massa: a Arena, partido dos militares no poder, era tão favorita nas eleições de 1974 que quando Franco Montoro previu a vitória do MDB em 15 Estados todo mundo deu risada. Pois foi surrada em todo o país.
Como dizia Magalhães Pinto, velho sábio da política mineira, “eleição e mineração só depois da apuração”.
Então, caro colega, quando os iluminados surgirem com suas previsões do passado, procurando destruir de vez os que foram derrotados, sejamos condescendentes. Não podemos levá-los a sério. Nem esquecer que estão, na verdade, apenas bajulando os vencedores e tripudiando sobre os vencidos."
A imprensa também tem disso: terminadas as eleições, aparecem os degoladores, que não se manifestaram durante a campanha e, definidos os perdedores, trituram as estratégias que, é óbvio, dizem, não poderiam dar certo. Em seguida, vêm os louvores à estratégia dos vitoriosos que, é óbvio, dizem, foi genial e tinha de dar certo.
É um belo subproduto da profissão: os profetas do passado. Se a estratégia de um candidato estivesse tão claramente errada, não seria difícil analisá-la durante a campanha, prevendo que não poderia dar certo. Mas aí a coisa é mais complexa: envolve a exposição do raciocínio do analista.
E se o candidato da estratégia errada, por pura e simples vontade de contrariar o óbvio, dá de ganhar a eleição? Já aconteceu e não foi uma vez só.
Jaques Wagner ganhou o Governo baiano no primeiro turno, quando toda a expectativa era de que, se chegasse ao segundo turno (onde certamente perderia), já teria cumprido seu papel.
Luiza Erundina virou as eleições paulistanas em poucos dias e ultrapassou os favoritos Paulo Maluf e João Leiva.
Yeda Crusius, que nem iria para o segundo turno, é a governadora do Rio Grande do Sul.
Luizianne Lins, rejeitada até por seu próprio partido e abandonada à própria sorte, derrotou o favoritíssimo Inácio Arruda em Fortaleza.
Às vezes, o fenômeno acontece em massa: a Arena, partido dos militares no poder, era tão favorita nas eleições de 1974 que quando Franco Montoro previu a vitória do MDB em 15 Estados todo mundo deu risada. Pois foi surrada em todo o país.
Como dizia Magalhães Pinto, velho sábio da política mineira, “eleição e mineração só depois da apuração”.
Então, caro colega, quando os iluminados surgirem com suas previsões do passado, procurando destruir de vez os que foram derrotados, sejamos condescendentes. Não podemos levá-los a sério. Nem esquecer que estão, na verdade, apenas bajulando os vencedores e tripudiando sobre os vencidos."
