As baixarias de Marta e Paes no desespero
"Pensei que este tempo de levar a campanha eleitoral para a lama, quando as pesquisas mostram um cenário desfavorável, tivesse ficado para trás e nunca mais eu fosse obrigado a escrever sobre este esgoto da política que, na falta de argumentos, parte para atacar a vida pessoal do adversário.
Começou à tarde com as inserções do PT no rádio e na televisão e continuou à noite com os debates promovidos pela Bandeirantes no Rio e em São Paulo, quando a campanha eleitoral atingiu seu ponto mais baixo e deprimente nestas eleições de 2008. “É casado? Tem filhos?” O que quis dizer a campanha de Marta ao ficar martelando estas perguntas sobre a vida de Gilberto Kassab? Por acaso tem algum eleitor em São Paulo que não saiba que o atual prefeito candidato à reeleição é solteiro e não tem filhos? Qual é o problema? O que isso tem a ver com a decisão dos eleitores na hora de votar para escolher o candidato ou a candidata que considerem melhor para administrar a cidade? Como os comentaristas anônimos da internet, o locutor da campanha petista faz uma insinuação covarde, sem coragem de assumir o preconceito implícito. Da mesma forma, o eclético e multipartidário Eduardo Paes, do PMDB (ex-PV, ex-PFL de Cesar Maia, ex-PTB, ex-PSDB, um verdadeiro homem de partido) na falta de outros argumentos para enfrentar o adversário que passou à sua frente nas pesquisas, veio com aquela história mofada de insinuar que Fernando Gabeira faz a apologia das drogas, que é muito liberal em relação a esta questão. Em São Paulo, o tempo todo parecendo bastante alterada, Marta Suplicy, ela própria vítima de todo tipo de preconceito durante sua carreira, resolveu desconstruir o adversário, partindo para o ataque diante de um assustado Kassab, na certeza de que os anúncios da tarde haviam abalado o oponente. O que ficou ao final do debate foi a imagem de Marta Suplicy parecendo Collor em seus piores momentos de 1989. A diferença é que Collor acabou vencendo a eleição e Marta, 17 pontos atrás de Kassab no Datafolha, sem que o mais fanático petista alimente a mais remota esperança de uma virada, agora corre o sério risco de sair da eleição muito menor do que entrou. Embora no Rio a disputa esteja mais apertada, Gabeira já se saiu vencedor para os que defendem um mínimo de ética na política e não se dispõem a pagar qualquer preço para ganhar uma eleição, como faz Eduardo Paes, que já perdeu o respeito, depois de rastejar atrás do apoio do presidente Lula que ele ofendeu gravemente na CPI dos Correios. O pior de tudo é que estas baixarias só fornecem farta munição para os oldneocons da imprensa que encontraram um belo nicho de mercado com seu antipetismo e antigovernismo militantes, deitando e rolando agora ao combater os preconceitos que antes defendiam alegremente. * Este artigo teve alguns parágrafos suprimidos por questão de espaço (muito longo). Leiam o artigo completo aqui
