quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Coisas da Suécia.

Por Sandra Paulsen. Transcrito do BlogdoNoblat

Como alguém como eu sabe que não está exatamente “em casa”, aqui?
1) Você entra no ônibus e encontra o seguinte cartaz:
Sem fio. Rezar é grátis. Conexão permanente. Reze quando, onde ou como quiser. Assistência técnica gratuita em todas as paróquias. Igreja Sueca – Diocese de Estocolmo”. É a propaganda da Igreja Luterana local.
2) Ou, então, abre o jornal e encontra um artigo com sugestões de modelos de vestidos de noiva especiais, só para você, cuja gravidez já está bem adiantada:
como escolher entre dez modelos de vestido para destacar sua barriga e mostrá-la em toda sua beleza, na cerimônia!
3) Ou, ainda, quando lê nas notícias que um conhecido artista local acaba de ser condenado a pagar multa por maus-tratos a sua esposa.
Enquanto isso, ela protesta e o declara inocente de qualquer culpa no episódio em que ela chegou ensangüentada a um hospital, no meio da madrugada, depois de uma festa e uma bebedeira. Diga-se de passagem, foi o Estado que, alertado pelos vizinhos, o processou, contra a vontade dela e sem um registro de queixa na polícia ou algo parecido.
4) Por último, lembro-me de que estou em outro mundo quando um dos principais jornais do país, o Dagens Nyheter, traz um artigo sobre o swing como “nosso mais novo hobby”.
O artigo ainda se dá ao trabalho de explicar que swingers são casais que têm relações sexuais com outros casais, como “complemento para a vida sexual normal”. O jornal traz ainda, em sua página na internet, os resultados de uma enquete onde 28% dos quinze mil participantes declaram que já provaram ou estão dispostos a experimentar o swing.
Sandra Paulsen, casada, mãe de dois filhos, é baiana de Itabuna. Fez mestrado em Economia na UnB. Morou em Santiago do Chile nos anos 90. Vive há quase uma década em Estocolmo, onde concluiu doutorado em Economia Ambiental.