Força de Lula é semelhante à do Plano Real em 1994
Estamos a duas semanas da quarta eleição desde que o presidente ganhou seu primeiro mandato, e o tema da campanha permanece o mesmo – Lula. Em 1994, o presidente Lula perdeu a eleição ainda no primeiro turno porque, entre outras razões, atacou de forma veemente o Plano Real. Naquele ano, ele afirmou que o plano era eleitoreiro e havia sido formulado apenas para eleger Fernando Henrique Cardoso. Assim como era impopular falar mal do Plano Real em 1994, hoje os candidatos da oposição estão percebendo que atacar o presidente Lula não é um bom negócio. O PSDB, adversário de Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), líder da disputa em Salvador, está usando declarações da época do escândalo do mensalão – quando ACM Neto prometeu em plenário dar uma surra no presidente – para derrubar seu favoritismo. Certo dos estragos que isso pode causar à sua campanha, o parlamentar baiano chegou a ameaçar implodir a aliança para a presidência em 2010 entre seu partido e os tucanos. Eduardo Paes (PMDB), que lidera a disputa no Rio de Janeiro, também tenta justificar ataques feitos ao presidente Lula em 2005, quando estava no PSDB. Não é à-tôa que há bastante tempo Aécio Neves afirma que não quer ser o candidato anti-Lula, e sim pós-Lula. Esse será um dos maiores desafios dos adversários do presidente: além de não poderem atacá-lo, terão que encontrar uma mensagem capaz de seduzir os eleitores. Até mesmo a expectativa de diálogo governo-base aliada no período pós-eleições não é boa para efeito de votações na Câmara. Tudo pelo fato de que o presidente Lula gravou mensagens de apoio a candidatos do PT em localidades onde 14 deputados federais da base governista disputam as eleições municipais. A maioria deles sem chance de vitória. Mesmo assim, queriam ver o presidente longe dos palanques municipais. O tema deflagrou uma crise no governo, já que Lula havia assumido o compromisso de não se envolver diretamente no pleito municipal, com exceção de São Paulo. O que irritou a base foi o fato de que muitos candidatos do PT a prefeito receberam apoio por meio de mensagens do presidente, o que caracterizou os candidatos do partido como candidatos do presidente. Há ainda dois fatores que agregarão tensão no retorno dos trabalhos legislativos: um é o veto do presidente ao artigo da medida provisória que mudava o indexador dos contratos das dívidas rurais, trocando a taxa Selic, hoje 13,75%, pela Taxa de Juros de Longo Prazo, que está em 6,25% ao ano. Outro foi o veto a dispositivo da nova lei geral do turismo negociada entre governo e oposição, que dava às empresas de turismo acesso às linhas de crédito disponíveis às empresas exportadoras. Ou seja, a coisa mais difícil da política é fazer oposição a um campeão de votos, como FHC em 1994 e Lula hoje.
Estamos a duas semanas da quarta eleição desde que o presidente ganhou seu primeiro mandato, e o tema da campanha permanece o mesmo – Lula. Em 1994, o presidente Lula perdeu a eleição ainda no primeiro turno porque, entre outras razões, atacou de forma veemente o Plano Real. Naquele ano, ele afirmou que o plano era eleitoreiro e havia sido formulado apenas para eleger Fernando Henrique Cardoso. Assim como era impopular falar mal do Plano Real em 1994, hoje os candidatos da oposição estão percebendo que atacar o presidente Lula não é um bom negócio. O PSDB, adversário de Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), líder da disputa em Salvador, está usando declarações da época do escândalo do mensalão – quando ACM Neto prometeu em plenário dar uma surra no presidente – para derrubar seu favoritismo. Certo dos estragos que isso pode causar à sua campanha, o parlamentar baiano chegou a ameaçar implodir a aliança para a presidência em 2010 entre seu partido e os tucanos. Eduardo Paes (PMDB), que lidera a disputa no Rio de Janeiro, também tenta justificar ataques feitos ao presidente Lula em 2005, quando estava no PSDB. Não é à-tôa que há bastante tempo Aécio Neves afirma que não quer ser o candidato anti-Lula, e sim pós-Lula. Esse será um dos maiores desafios dos adversários do presidente: além de não poderem atacá-lo, terão que encontrar uma mensagem capaz de seduzir os eleitores. Até mesmo a expectativa de diálogo governo-base aliada no período pós-eleições não é boa para efeito de votações na Câmara. Tudo pelo fato de que o presidente Lula gravou mensagens de apoio a candidatos do PT em localidades onde 14 deputados federais da base governista disputam as eleições municipais. A maioria deles sem chance de vitória. Mesmo assim, queriam ver o presidente longe dos palanques municipais. O tema deflagrou uma crise no governo, já que Lula havia assumido o compromisso de não se envolver diretamente no pleito municipal, com exceção de São Paulo. O que irritou a base foi o fato de que muitos candidatos do PT a prefeito receberam apoio por meio de mensagens do presidente, o que caracterizou os candidatos do partido como candidatos do presidente. Há ainda dois fatores que agregarão tensão no retorno dos trabalhos legislativos: um é o veto do presidente ao artigo da medida provisória que mudava o indexador dos contratos das dívidas rurais, trocando a taxa Selic, hoje 13,75%, pela Taxa de Juros de Longo Prazo, que está em 6,25% ao ano. Outro foi o veto a dispositivo da nova lei geral do turismo negociada entre governo e oposição, que dava às empresas de turismo acesso às linhas de crédito disponíveis às empresas exportadoras. Ou seja, a coisa mais difícil da política é fazer oposição a um campeão de votos, como FHC em 1994 e Lula hoje.