quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Texto de André Carvalho

Por André Carvalho em 08 de agosto de 2008
btreina@yahoo.com.br

Algo mudou
Toda evolução é bem-vinda. O raciocínio, se é que se pode definir assim a oração anterior, vem a propósito das recentes citações de “companheiros” petistas que governam o Brasil. Foi-se o tempo em que nossos atuais líderes mencionavam Fidel, Guevara, Bolívar, Trotsky, Lênin, e aquele lá da Argélia, cujo nome me foge agora.

A turma do Planalto mudou o meridiano intelectual o que me leva a ampliar a latitude interpretativa e reduzir a longitude crítica. Sendo assim, “pau na máquina”.

É comum ao neo-intelectual embasar suas reflexões nos estudos freudianos, e aqui, no país dos sonhos, não foi diferente. Após o depoimento da ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil, Sra. Denise Abreu, na Comissão de Infra-estrutura do Senado Federal, o presidente Lula afiançou: “Só Freud explica aquilo lá”. Dispersivo, confesso que nunca estive atento a esta proximidade da esquerda brasileira com o pai da psicanálise.

Não havia percebido que somente Freud, por exemplo, seria capaz de explicar a histeria duradoura de másculos esquerdistas por aquela imagem de Guevara na célebre foto de Alberto Korda. Refiro-me à foto de boina e olhar perdido, que hoje estampa de cueca a bandeira, na maioria das vezes, diga-se de passagem, sem que se paguem os direitos autorais.

Por falar em Guevara, observe como sua tese mais conhecida, a que enlouquece nossas hostes revolucionárias, é freudiana: “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”. Há, na proposta guevarista, um componente de natureza sexual sobre o qual certamente Freud teorizaria.

Com Marta a história seria outra. Aqui o médico austríaco trocaria de lugar e recostaria, sublime, no divã da ex-ministra. Freud seria o paciente e o relaxa e goza a linha psicanalítica capaz de levar o ilustre analisado aos interstícios da felicidade, resultante da relação de causa e efeito da teoria “supliciniana”. Bárbara essa linha de conduta, hem? É uma pena para a ciência e para a humanidade que Marta e Freud não tenham sido contemporâneos.

Outro “mestre” resgatado pela inteligência governamental é o Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Adolf Hitler. Joseph professava que “uma mentira repetida muitas vezes vira uma verdade”. Esta foi uma das táticas nazistas para propagar e perpetuar suas práticas monstruosas. Nosso ministro das Relações Exteriores, Dr. Celso Amorim, trouxe o nazista e sua tese para o centro do debate nas recentes reuniões da Organização Mundial do Comércio. O mundo “veio abaixo” deixando nosso compatriota mais arrepiado e arredio do que já é. Incrível, mas você e eu somos compatriotas do Celso! Que se há de fazer? Pleitear cidadania Italiana como fez Sra. Marisa Letícia? Pega mal!

Amorim não foi o primeiro a trazer a mentira para as principais manchetes do país. Antes dele, Luiz Inácio, ainda por ocasião do depoimento de Sra. Denise havia tratado do tema sob outra perspectiva e sem citar fontes. Disse Lula, referindo-se à depoente, objeto de sua ira: “O problema da mentira é que quando você conta uma mentira uma vez é obrigada a mentir a vida inteira para justificar aquela mentira”. É uma tese interessante e indubitavelmente aplicável.

É possível que tudo ‑ o partido, o projeto, o governo, o poder ‑ haja começado assim, com a repetição de uma mentira. Mesmo que você não acredite garanto que me refiro aos alemães das décadas de trinta e quarenta.