quinta-feira, 17 de julho de 2008

A união dos párias.

Escrito por Antonio Luiís Almada.
A união dos páriasQuem arriscar opinar que motoqueiros, prostitutas e taxistas são três das classes mais unidas deste país, vai quebrar a cara. De uns anos para cá, quem assume essa liderança são os bandidos de paletó e gravata, não importa de qual categoria - banqueiros, financistas, empresários, políticos, juristas e companhia agregada. Já reparou que eles nunca falam? Na união do pecado com o crime, o confessionário sempre permanece vazio. Imagine se eles desfiassem pelo menos um fiapo do novelo, que estrago o ventilador faria na vida pública nacional!? .
Nesse campo, a união desfaz a forca. Parece ser uma simbiose perfeita, e comensalista, para tipificar a imoralidade que reina no país da bandidagem. A política e a justiça brasileiras vão nos passando a sensação de que hoje, à primeira vista, todos os cidadãos são suspeitos e maléficos ao país. E eles, os gatunos de terno, estão unidos, são praticamente uma família sem laços consaguíneos mas leais e fiéis na rapinagem, todos contra o povo e a nação já enlameada.
E o pior é que as ações da Polícia Federal já não passam de espetáculos circenses, algumas vezes vaiados por vozes poderosas que mais parecem emanar de incubados cúmplices. Quando mais se esperam providências reais da justiça, o malandro escapa praticamente ileso, até que estoure o próximo escândalo e o dele caia no rol do esquecimento.
Qual a diferença entre um bandido de chinelo e um bandido de paletó e gravata? Nenhuma, ambos são bandidos, armas diferentes. A bala que sai de um AR-15 é tão letal quanto o vômito que sai da barriga de uma criança faminta e sem escola, porque teve os recursos necessários à sua formação como gente decente desviados por vagabundos da elite nacional.
Se o país contabilizar o que já perdeu com todas as operações já realizadas pela PF desde que o PT assumiu o poder, da Dra. Georgina, por exemplo, à operação Satiagraha, imagine quantas escolas, hospitais, estradas, saneamento e tudo mais poderia mudar em muito o triste cenário social dos brasileiros!
Somos um país de inúmeros caminhos, mas nos movimentamos apenas por dois atalhos: a economia e o Bolsa Família. O resto, o básico, está todos os dias nos noticiários como pontos negativos de nosso dia-a-dia, principalmente a saúde e a segurança.
Estamos vendo, no Brasil, a reedição das famílias mafiosas italianas, que atuavam ferozmente, e principalmente, nas áreas do contrabando e do tráfico de entorpecentes. Aqui, as famílias verde-e-amarelas preferem o filão oficial com suas ramificações, principalmente saúde e construção civil. Mas com uma grande diferença: as famílias italianas quebravam o pau, e as nossas são unidas, sempre e até o próximo crime

Antônio Luís Almada é jornalista.