sexta-feira, 30 de maio de 2008

Um pouco da história catalã

Direto da Catalunha com o ótimo Mosaicos de Barcelona


Eles vão subindo. Um em cima do outro. Quatro, cinco, seis, sete, oito, até nove andares de pessoas de pé, umas nos ombros das outras. No ponto mais alto, uma criança que, depois de escalar essa verdadeira pirâmide humana, acena para o público ao som de uma musiquinha chamada toc dels castells.
Nada de espetáculo circense. Essa gente animada se chama castellers e apresenta um dos espetáculos mais interessantes do folclore catalão.
Os castellers são as pessoas que compõem os castells (castelos, em catalão). Sua história começa no início do século XIX, na cidade Valls, a uns 100 quilômetros ao Sul de Barcelona.
Durante as festas populares dessa época, era muito comum os cidadãos dançarem o chamado Ball de Valencians (baile dos Valencianos), cujo final consistia na ‘construção’ de uma pequena torre humana, de no máximo três ou quatro andares.
Com o passar do tempo, os grupos começaram a rivalizar entre si para ver quem era capaz de erguer a pirâmide mais alta. Então, o que antes era apenas o ponto culminante do folclore, acabou se transformando no protagonista da festa.
Nesses castelos, a base se chama pinya; o tronco, tronc; e o pico, pom de dalt. Os que integram a primeira parte são responsáveis pela estabilização e o suporte de toda a estrutura, além, é claro, da amortização do golpe em caso de queda.
A estrutura do meio está composta de não mais de nove pessoas em cada andar, dependendo do tipo de castelo que se quer formar. No ponto mais alto, fica a anxaneta, ou seja, a criança que acena para o público quando atinge seu objetivo.
Mas a apresentação só acaba mesmo quando toda a torre é desmontada sem que ninguém caia. Os mais fortes devem ficar em embaixo e os mais leves, em cima.
Hoje em dia, existem cerca de 60 grupos. A colla de Barcelona é a quarta mais antiga de toda a região.

É uma celebração alegre que pode chegar a ser muito perigosa se não houver muito cuidado. Qualquer deslize, a torre pode cair. É raro acontecer, mas já houve morte.



A mais recente foi em julho de 2006, quando uma menina de 12 anos, integrante do grupo Capgrossos de Mataró, faleceu depois de cair do sétimo andar e ficar onze dias em coma. Na época, a Coordenadora de Colles Castelleres, entidade que cuida dos interesses de todos os grupos, aprovou o uso de um capacete especialmente desenhado para os participantes, mas a falta de acordo entre eles (alguns queriam que só as crianças usassem) impossibilitou a implantação.