quinta-feira, 13 de março de 2008

Qualidade de vida.

"A primeira que eu vi me pegou desprevenida. Eu estava fazendo uma caminhada do Parque de Greenwich (por onde passa o famoso meridiano que marca a longitude zero do nosso globo terrestre) até a região de Canary Wharf - o segundo maior centro financeiro e de negócios de Londres - quando me deparei com vacas, cavalos, carneiros, galinhas e até lhamas.


Era a fazenda urbana de Mudchute.


Urbana mesmo, bem no meio de uma das maiores metrópoles do mundo. Ali, ao lado de prédios que estão entre os mais altos da Europa, a comunidade local administra o parque, onde ficam os animais, e um centro eqüestre, além de organizar passeios escolares e receber visitantes, sem cobrar nada (mas aceitando doações, claro).


É um programa ótimo para quem, como eu, tem filhos pequenos. Melhor ainda porque há mais de 17 destas fazendas urbanas espalhadas por Londres, ou seja, grandes chances de haver uma razoavelmente perto de casa, se você mora na cidade.
Em toda a Grã-Bretanha, são cerca de 60. A pioneira foi a de Kentish Town, no norte de Londres, criada em 1972, que teve inspiração em fazendas holandesas voltadas para crianças e também no movimento de jardins comunitários que ganhou espaço nos Estados Unidos, nos anos 60.
O objetivo é nobre: permitir que pessoas essencialmente urbanas - os chamados ‘urbanóides’, como essa que vos escreve - que dificilmente visitariam zonas rurais, tenham a oportunidade de interagir com animais e plantações.
Os administradores das fazendinhas também querem que as crianças aprendam a ligar o que elas vêem durante a visita com o que chega a seus pratos em casa todos os dias, além de estimular o interesse pela preservação da natureza.
Uma aula, ao vivo, que certamente vale a pena. "

Texto de Iracema Sodré, para o BBCBrasil