sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Narizes, Olfato e Podridão.

Por André Carvalho em 29/fevereiro/08
btreina@yahoo.com.br

Narizes, Olfato e Podridão

Em recente pronunciamento o Presidente Lula afirmou, com a mais absoluta convicção: “seria tão bom se o Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas dele, o Legislativo nas coisas dele e o Executivo nas coisas dele... É preciso que a gente reordene as instituições brasileiras para que elas funcionem cada vez mais de forma harmônica”. (ver jornais, tvs e internet).

A verdade é que quando Lula enfia suas ventas para fuçar outros terreiros, a harmonia da nação, que já é frágil, esvai-se numa fedentina incontrolável. Por não saber onde tem o nariz, o presidente desconhece que o Judiciário, por natureza, tem mesmo que meter o “nariz” em todo e qualquer lugar onde haja o desvio ou arrepio da lei.
Assim, o Executivo, mais especificamente o atual Executivo, é a grande caixa de fedor que o Supremo Tribunal Federal deve desinfetar através de inúmeras ações judiciais.

O egocentrismo presidencial é tamanho, que o magnânimo não percebe o quanto mete o nariz, cotidianamente, em qualquer fresta ou saliência de poder. Ninguém, na história deste país, julgou mais que Lula, mesmo sendo ele apenas o chefe do Executivo e o julgamento, uma prerrogativa do Judiciário.
Para exemplificar, cito um fato recente, quando o presidente afirmou que a ex-ministra Matilde não cometeu crime e sim erro administrativo. A sentença, falsa ou verdadeira, só cabe ser proferida pelo Judiciário. O Presidente é useiro e vezeiro na emissão de julgamentos como este, metendo seu nariz onde jamais devia.

Da mesma forma, o Executivo mete o nariz no Legislativo quando emite medidas provisórias sobre assuntos de natureza corriqueira, diferentemente do que propõe a carta magna do país. Divertido é comparar as atuais intromissões com aquelas que o magistrado Nelson Jobim fazia sempre em defesa de Lula e de seu governo. Pequenininho o nariz do Nelson! Tão pequeno que Lula não enxergava.

É típico do egocêntrico não perceber nitidamente sua intromissão onde quer que seja -- percebe só e erroneamente a ingerência de tudo e de todos em seu universo “exclusivo”. É uma doença tal qual alcoolismo, sudorese, transtorno bipolar, só para citar algumas de fácil identificação.

Se, para cheirar as massas, o olfato presidencial é aguçado, o mesmo não se pode dizer para as relações protocolares, constitucionais e éticas. Para tais ares, o titular torce o nariz exalando, por conseguinte, inconformidade na ínfima parcela pensante da população brasileira.

Sem dúvida que o melhor instrumento para avaliar o Brasil de hoje, aí incluído o governo, é o nariz, essa protuberância piramidal, de base triangular, e porte variável, sujeito a “botox e pitanguis”, mas, que do alto de sua mais nobre tarefa, que é respirar, sinaliza pelo olfato, a podridão reinante na esfera governamental.