sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Vade Retro, Axé-Babão

por Antonio Luís Almada
Vade Retro, Axé-Babão
O infante Dom Henrique continua como sério candidato ao cetro de alcaide mais desastrado desta maltratada São Salvador. Voluntário ou omisso, tentou demolir um terreiro de candomblé, o Oyá Unipó Neto, com 28 anos de tradição de bate-macumba, afrontando não apenas pais, mães e filhos-de-santo, mas toda a comunidade da umbanda afro-baiana. Sem falar, é claro, na clara violação à Constituição brasileira que, queiram ou não os senhores políticos e afins, ainda continua valendo como Carta Magna do país tropical.
Não deliro ao som dos atabaques nem às encenadas pregações evangélicas, mas não posso deixar de indignar-me pelo precedente que o prefeito abre com tal atitude, justamente quando traficantes de milagres de inúmeros templos vêm declarando guerra aberta a todos que lhes são "infiéis", inclusive o próprio candomblé e a imprensa. E se o prefeito resolve demolir a Catedral da Sé, ou a igreja do Bonfim?
Em se tratando do alcaide trapalhão, acautelo-me. Nesta madrugada de 28 para 29 de fevereiro, por exemplo, as duas horas de chuvas mostraram o quanto a Prefeitura está devendo à cidade. Os banhos de luz e de asfalto, que me levam a tempos imemoriais da carochinha, tomaram verdadeiro "banho" das prenunciantes águas de março.
Somando-se a esse pouco o deformador PDDU, as barracas de praia, os passeios intransitáveis, a sujeira geral, as infantilidades políticas e os gastos extraordinários em propaganas enganosas, temos uma Salvador tristemente irreconhecível.
O que mais quer o infante demolidor? Ser reeleito, claro, e, com sua imaturidade político-administrativa, ser usado e "engolido" pelo ambicioso e carreirista ministro da Integração, que não abre mão de morar em Ondina nos próximos três anos. E o prefeito que se cuide. Há uma tropa de exus despejada e capaz das mais naturais vinganças contra seu algoz. Mas como ele é especialista em encruzilhadas...