segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Epidemia de fofoca.

Por André Carvalho em 22 de janeiro de 2008
btreina@yahoo.com.br


Após um período desaparecida do cenário nacional, ressurgiu em sua melhor forma, assim como reaparecem, em época momesca, as rainhas de bateria, nossa loiríssima ministra do Turismo, Sra. Marta Suplicy. Voltou exercitando seu poderoso arsenal opinativo, apoiado tão somente na exuberância de sua farta experiência de vida. Na linha do relaxa e goza a ministra afirmou, referindo-se à questão da febre amarela que assola e amedronta o país, que não existe epidemia da doença e sim “uma epidemia de fofocas”.

Fez o comentário às vésperas do carnaval que, como se sabe, movimenta o maior contingente de turistas Brasil afora, uns buscando a folia, outros fugindo para bem distante dela. A hora requer informação técnica, principalmente dos Ministérios da Saúde e do Turismo. Apesar de ser carnaval a hora não é de brincadeira, não é de gandaia! Parece que a ministra não entende que sua função ministerial requer um pingo de responsabilidade para com os temas que aborda. Se a excelentíssima senhora não tem conhecimento técnico mantenha a boca fechada e nos poupe de suas grosseiras fanfarronices.

Se a febre amarela é fofoca, a dengue deve ser boato e a malária, um mero disse-me-disse. Acredito, até, que a ministra considera a crise na aviação civil, e, por extensão, no turismo, um leva-e-traz (sem querer trocadilhar) e que as balas perdidas não passam de levianos mexericos das comunidades cariocas. Já a crise energética que se avizinha é pura especulação!

Evidente que esse governo é um potente gerador de fofocas. O que lá se diz não se escreve. Ministro que fala pela manhã é desmentido pelo chefe à tarde. Os que se pronunciam à tarde levam carões públicos à noite e assim por diante em intermináveis idas e vindas que atordoam as redações de jornais, rádios e televisões, bem como a paciência de um grupo de cidadãos esclarecidos.

Marta não percebe que ela própria é uma inesgotável fonte de fofocas, a começar pelos terninhos e sapatinhas com que desfilava nas periferias paulistanas em seus tempos de prefeitura até as declarações heterodoxas que costuma disparar nos dias atuais.

Olhando bem o cenário, talvez a ministra tenha um pouco de razão. Dia desses, saindo do hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, onde esteve internado, o vice-presidente da república, Sr. José Alencar, afirmou ser o Brasil um país de primeiro mundo. Só pode ser fofoca. Ou quem sabe é mesmo, para pessoas ricas e poderosas que, como ele, cuida da própria saúde em centros de excelência como aquele. O vice é dado a uma fofoquinha nas questões referentes à taxa básica de juros, sempre elevada para os seus padrões e interesses empresariais. Comenta a questão, assim, ocasionalmente, mas sempre em épocas de reuniões do COPOM, deixando a turma do Banco Central de cabelos arrepiados. No ocasionalmente sempre é que se configura a fofoca.

Pelo que diz a ministra imagino o que ocorre intramuros governamentais sobre “botox”, plásticas, implantes, doses, talagadas e outros temas afins. Até o expurgado José Dirceu deve ter seus 6.710 novos fios de cabelo dilacerados em sorrisinhos maliciosos dos companheiros e companheiras.

Quer saber de uma coisa? Não falei nada.