segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Pensamento para Bisama

Postado originalmente em 24.08.2007. E como o meu amigo Bisama, do título acima, não parou de fumar, republico.





por Patativa do Assaré
Certa vez um cigarro astucioso
me falou com disfarce de ladrão:
para seres poeta primoroso
eu te ajudo na tua inspiração.
Quando a mente cansada permanece
de sentido e de rimas bem vazia
com algumas tragadas te aparece
o que queres dizer em poesia.
Incentiva a falar dos indigentes
e da vida que encerra dias breves
te forneço as imagens excelentes
do perfil da mulher que tu descreves.
Desta minha fumaça o conteúdo
alimenta o prazer de uma ilusão
tu me fumas, poeta, que eu te ajudo
para nunca faltar-te inspiração.
Risque o fósforo e me queime, por favor
tu precisas compor a tua rima
e eu, também, procurando outro setor
subirei bem feliz de mundo acima.
Quando ouvir do cigarro os seus pedidos
escutei um conselho para mim
eu senti penetrar nos meus ouvidos
uma voz a falar dizendo assim:
o cigarro procura te enganar
te iludir e fazer a tua ruína
vai fazer os teus versos sem fumar
não aumente no corpo a nicotina.
Quando ouvi esta voz suave e pura
do meu eu transformado me encontrei
e falei ao cigarro, com censura
tenhas calma, amanhã te fumarei.
E no dia terceiro imprudente
me falou: seu fumante vagabundo!
descobri o teu truque e estou ciente
só se acaba amanhã no fim do mundo.
Dando graças a Deus eu conheci
Que alcancei uma graça, uma virtude
Foi com este milagre que eu venci
O maior inimigo da saúde.